O Bloco de Esquerda reage pela primeira vez após a acusação de violência doméstica feita ao deputado Luís Monteiro e assegura que “mantém a mesma posição em todas as circunstâncias: a violência é inaceitável, as vítimas devem ser protegidas e o recurso à justiça é a forma de apurar factos e punir abusos“. Na terça-feira à noite, quando a denúncia surgiu, o partido tinha apenas remetido para a resposta do candidato à Câmara Municipal de Gaia. O Bloco de Esquerda acrescentava ainda que, quanto aos rumores que circulavam há poucas semanas sobre assédio ou abusos dentro do partido, não chegou “qualquer queixa nesse sentido” à direção.

Catarina Alves, uma mulher com quem o deputado manteve uma relação há alguns anos, fez a denúncia no Twitter e garantiu ter “escapado de uma quase morte”. Questionada sobre a identidade do alegado agressor, que também já tinha circulado pela rede social, fez referência ao deputado — “Podem chamar-lhe Luís Monteiro, a mim chamam-me louca” e lamenta: “Não acho que seja possível inventarem mais rumores ou insultos do que os que já criaram naquele nucleozinho”.

Deputado do BE é acusado de violência doméstica, desmente e devolve acusação: “Fui vítima de agressões sucessivas”

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O deputado reagiu, negou as agressões e garantiu que foi ele próprio vítima de violência física e verbal. “Chegou o momento em que não me é possível continuar calado face ao que se está a passar e no contexto em que estamos”, lê-se no texto. “Nunca agredi a mulher que diz ter sido agredida por mim. Esta costuma ser a primeira frase que os agressores usam. Vou ignorar tal facto e dizer a verdade. Nunca agredi a mulher em causa, que foi minha namorada de Fevereiro a Outubro de 2015, e nunca agredi qualquer mulher. Condeno qualquer ato de violência mas sobretudo este tipo de violência”.

O que o deputado disse ter acontecido é o contrário da versão descrita por Catarina Alves: “Nos meses em que tive esta relação fui vítima de agressões sucessivas, violência verbal, ameaças e fui sujeito a um processo do qual não saí ileso. Jamais contaria o que me aconteceu se não fosse obrigado e felizmente, entre tantos factos infelizes, tenho a sorte de ter várias testemunhas que presenciaram o que relato e que me apoiaram em vários momentos em que precisei”. Além das tais testemunhas, o deputado disse existirem relatos de outros homens que mantiveram relações com a ex-bloquista e que terão sofrido alegadas agressões, “alguns de forma muito dramática”.

“Continuo a acreditar que, em situações como esta, o princípio da presunção da inocência deve ser relevado em prol da vítima. É verdade que quase sempre a vítima é uma mulher mas comigo não foi assim”, concluiu o deputado na nota enviada a orgão de comunicação social como o Observador.