Trinta e seis concelhos de Portugal continental e insular estavam acima da marca dos 120 novos casos por 100 mil habitantes (ao longo de 14 dias), até ao dia 5 de maio, segundo os dados divulgados esta sexta-feira pela Direção-Geral da Saúde. Destes, oito estavam localizados nos arquipélagos dos Açores e da Madeira.

Dito de outra forma: 272 dos 308 concelhos estavam abaixo da linha vermelha definida pelo Governo, sendo que 22 deles se localizam nas ilhas.

Recordando os níveis de risco anteriormente usados pelo Governo: 303 concelhos estão num nível de risco moderado (abaixo de 240 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias), quatro num nível de risco elevado (entre 240 e 480 casos) e apenas um no nível de risco muito elevado (acima dos 480 novos casos por 100 mil habitantes).

Arganil, em risco de recuar, podia ter travado na semana passada (caso a avaliação já fosse semanal)

Arganil, no nível de risco muito elevado, é o concelho com a maior incidência cumulativa e encontra-se em risco de recuar no desconfiamento se, na próxima semana, ainda se mantiver acima dos 240 novos casos por 100 mil habitantes, tendo em conta que agora o Governo aplica as medidas nos concelhos com base nos dados semanais e não quinzenais como fazia anteriormente.

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Cabeceiras de Basto, por sua vez, o segundo concelho com maior incidência cumulativa, como repete o facto de estar acima do limite dos 240 casos por 100 mil habitantes duas semanas seguidas — mesmo tendo descido desde a última avaliação —, vê-se obrigado a recuar no desconfinamento.

Concelho Incidência a 5.Mai Incidência a 27.Abr Incidência a 20.Abr Incidência a 13.Abr
Cabeceiras de Basto 378 531 326 90

“Considerando que a situação epidemiológica tem variado em curtos períodos de tempo, o Governo decidiu que, não obstante as medidas continuem a ser revistas apenas de 15 em 15 dias, o âmbito de aplicação territorial das mesmas passa a ser revisto semanalmente para que as medidas especiais aplicáveis em cada município ou freguesia tenham em conta, de forma mais atualizada, a situação epidemiológica”, lê-se no comunicado do Conselho de Ministros que decorreu esta quinta-feira.

Se o Governo tivesse aplicado a regra de avaliação semanal das medidas territoriais mais cedo, Arganil, que tinha uma incidência de 127 casos por 100 mil habitantes (a 14 dias) no dia 20 de abril e aumentou para 236 casos por 100 mil habitantes no dia 27 de abril, podia já ter ficado retido na fase anterior do desconfinamento em vez de avançar para a última fase no dia 1 de maio.

Plano de desconfinamento. Um concelho recua, quatro ficam na mesma e o resto do país avança

Os concelhos em alerta só não travaram porque estão na última fase do desconfinamento

Na lista de 23 concelhos que devem manter-se em alerta por causa da incidência superior a 120 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias é possível encontrar situações muito distintas.

Comparando, por exemplo, as duas primeiras linhas da tabela: Alpiarça já estava acima dos 120 casos por 100 mil habitantes na semana passada (e na anterior), enquanto Alvaiázere só entrou nesta situação esta semana.

Outro exemplo é o de Ponte de Lima, Melgaço, Ponte da Barca, Figueiró dos Vinhos e Alpiarça que estão na lista juntamente com Arganil. A grande diferença é que estes cinco concelhos têm menos de 130 casos por 100 mil habitantes e Arganil, o concelho com maior incidência, tem 590 casos por 100 mil habitantes.

Concelhos Incidência a 5.Mai Incidência a 27.Abr Incidência a 20.Abr Incidência a 13.Abr
Alpiarça 127 170 170 71
Alvaiázere 182 45 15 0
Arganil 590 236 127 73
Beja 205 226 98 107
Castelo de Paiva 226 207 136 19
Coruche 155 298 200 46
Fafe 160 206 141 58
Figueiró dos Vinhos 126 233 90 54
Fornos de Algodres 155 88 0 0
Golegã 169 56 75 94
Lagos 145 171 66 16
Lamego 281 157 92 72
Melgaço 124 136 124 49
Oliveira do Hospital 280 223 88 47
Paços de Ferreira 155 155 125 116
Penafiel 135 155 130 75
Peniche 151 223 113 57
Ponte da Barca 125 125 72 89
Ponte de Lima 121 116 27 31
Santa Comba Dão 163 115 38 57
Tábua 229 281 88 26
Vale de Cambra 136 52 14 33
Vidigueira 218 218 0 0

De facto, Arganil é o único concelho desta lista que poderá sofrer alterações ao plano de desconfinamento já na próxima semana: caso se mantenha acima dos 240 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias, recua à fase anterior.

Dos 23 concelhos na lista, há 17 que estão com uma incidência superior a 120 casos por 100 mil habitantes há duas semanas ou mais. Só não travaram o desconfinamento porque já estão na última fase, iniciada a 1 de maio — ou seja, ficam na fase em que estão que é a última.

Quatro concelhos que travaram o desconfinamento estão num nível de risco moderado

O travão no desconfinamento aplica-se, neste momento, apenas a quatro concelhos que se encontram já no nível de risco moderado — ou seja, a incidência cumulativa baixou na última semana para menos de 240 novos casos por 100 mil habitantes.

Estes concelhos têm, neste momento, uma incidência menor do que os três concelhos no nível elevado (Lamego e Oliveira do Hospital) e muito elevado (Arganil) que estão na lista de alerta.

Odemira é o único concelho que continua na primeira fase do desconfinamento e Carregal do Sal encaminha-se para sair da linha de risco (120 casos por 100 mil habitantes).

Concelhos Incidência a 5.Mai Incidência a 27.Abr Incidência a 20.Abr Incidência a 13.Abr Incidência a 6.Abr
Incidência a 30.Mar
Odemira (1.ª fase, de 15 de março) 227 562 991 757 340 316
Carregal do Sal (2.ª fase, de 5 de abril) 140 151 227 162 227 302
Resende (2.ª fase, de 5 de abril) 237 404 572 385 79 49
Paredes (3.ª fase, de 19 de abril) 227 244 209 138 82 72