A conservadora Jill Mortimer venceu esta quinta-feira as eleições intercalares em Hartlepool, realizadas após a demissão do antigo deputado, o trabalhista Mike Hill, em março passado, devido a acusações de assédios sexuais. Mortimer assegurou o lugar com 15.529 votos (51,9%), contra os 8.589 do Partido Trabalhista (28,7%). É a primeira vez que os trabalhistas perdem em Hartlepool desde que o círculo eleitoral foi criado.

Reagindo à vitória, Jill Mortimer descreveu o resultado desta quinta-feira como “verdadeiramente histórico” e disse sentir-se orgulhosa por ser a primeira deputada conservadora no círculo. “E não só, sou a primeira mulher a ser eleita deputada [para a Câmara dos Comuns] por esta cidade”, declarou, segundo a BBC. “Os trabalhistas deram as pessoas de Hartlepool como garantidas por demasiado tempo. Ouvi isto uma e outra vez. As pessoas fartaram-se e agora, através deste resultado, as pessoas falaram e deixaram claro que é tempo de mudar.”

O apoio aos trabalhistas tem vindo a decrescer nos últimos 15 anos, uma tendência que sofreu um forte impulso com o Brexit. Os habitantes da região têm culpado o partido pelo aumento do desemprego e por cortes nas áreas da saúde e segurança, medidas que se devem sobretudo aos conservadores, lembra o The Guardian.

Um reduto trabalhista desde 1974, quando o círculo eleitoral foi criado, Hartlepool é uma derrota particularmente pesada para o Partido Trabalhista. Este fica na chamada “muralha vermelha”, um conjunto de círculos onde os trabalhistas tem há muito predominância. Esta tem, contudo, vindo a ser desafiada pelo crescimento dos conservadores na região. O resultado das eleições desta quinta-feira é a confirmação dessa tendência e também um reforço da maioria de Boris Johnson, alcançada em 2019.

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Com esta vitória, os conservadores passam a ter 365 deputados na Câmara dos Comuns, num total de 650. Os trabalhistas têm 199.

O deputado trabalhista Richard Burgon descreveu os 28,7% dos votos conseguidos pelo partido como “dececionantes”. “A liderança dos trabalhistas precisa urgentemente de mudar de direção”, escreveu no Twitter. Uma fonte ouvida pelo The Guardian admitiu que o partido não fez o suficiente: “A mensagem dos eleitores é clara e nós ouvimo-la. O Partido Trabalhista não mudou o suficiente para os eleitores colocarem nele a sua confiança. Percebemos isso. Estamos a ouvir e vamos redobrar os nossos esforços”.

Uma opinião partilhada por outro trabalhista, Steve Reed, que disse: “As pessoas sabem que a liderança mudou, mas não entendem que o partido mudou porque não fizemos o suficiente para o provar”, cita a BBC.