A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, avisou esta sexta-feira que haverá “mais falências” nos próximos tempos, porque “têm sido dramaticamente baixas nos últimos meses”.

As declarações foram feitas esta sexta-feira, numa conferência de imprensa conjunta com outros responsáveis europeus, no Centro Cultural de Belém, onde decorreu a reunião do Eurogrupo, em que Lagarde participou como convidada.

A responsável pela entidade monetária europeia disse ainda ser necessária “atenção especial” para o potencial crescimento do crédito malparado na zona euro.

E sublinhou que nem todos vão conseguir recuperar em 2022, defendendo, por isso, ser fundamental a manutenção dos apoios enquanto for preciso. “Estou a falar das pessoas que ou estão atualmente no desemprego ou em inatividade, para quem vemos o regresso de uma situação melhor em 2023, não em 2022”, disse Lagarde.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A presidente do BCE diz acreditar que “dada a incerteza” que a UE enfrenta, “as políticas coordenadas e de apoio continuarão a ser necessárias nos próximos meses”, para garantir que a recuperação é sólida.

Eurogrupo. Bruxelas reconhece dificuldade em atualizar regras orçamentais e discussão avança ainda este ano

Lagarde entende também que a tendência para a inflação aumentar é “temporária”, esperando que no próximo ano os preços na UE já voltem a baixar. “Os números da inflação em 2021, que veremos subir, são de uma natureza temporária e dependem de fatores temporários”, disse a presidente do BCE. A responsável entende que, “de um ponto de vista de política monetária”, o nível da inflação está “longe do objetivo”.

Em relação aos juros das dívidas públicas dos estados-membros, que têm estado a crescer a reboque da pandemia, garante que o BCE está a “acompanhar de perto”. “Em junho, teremos novas projeções, aquando da nossa reunião do Conselho de Governadores, e nessa altura faremos uma avaliação conjunta atualizada” sobre as condições de financiamento, adiantou Lagarde, que defende a manutenção de “condições de financiamento favoráveis durante todo o período pandémico”.

O programa de compra de ativos, que tem permitido aos estados-membros o acesso a juros baixos junto dos mercados, vai continuar “pelo menos até março de 2022”, disse ainda Lagarde, que considera ser “muito cedo — e na verdade desnecessário — debater questões de longo prazo”.

“O nosso foco em junho será de ter condições favoráveis ​​de financiamento para a economia em geral e para todos os setores”, defendeu a líder do BCE.