O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, juntou-se às vozes de condenação do regime bielorrusso, que no passado domingo mandou sequestrar um avião para deter Roman Protasevich. O jornalista dissidente está sob custódia das autoridades, acusado de organizar manifestações contra Alexander Lukashenko, e na segunda-feira apareceu num vídeo a confessar os “crimes”, com a oposição bielorrussa e o Ocidente a garantirem que o fez sob coação.
“Este incidente ultrajante e o vídeo em que Protasevich parece estar sob coação são ataques vergonhosos tanto à dissidência política quanto à liberdade de imprensa. Os Estados Unidos juntam-se aos países por todo o mundo no apelo à sua libertação, bem como à libertação de centenas de prisioneiros políticos que estão injustamente detidos pelo regime de Lukashenko”, afirmou Biden num comunicado citado pela Associated Press.
O Presidente dos Estados Unidos disse ainda condenar “fortemente” a operação que levou à detenção do jornalista bielorrusso, considerando-o uma “afronta direta às normas internacionais”. Biden elogiou ainda o anúncio de novas sanções ao regime de Lukashenko por parte da União Europeia, e acrescentou que a sua equipa está a avaliar as “opções apropriadas” para responder ao sequestro do avião da Ryanair.
Os líderes europeus debateram a questão bielorrussa na segunda-feira, numa reunião extraordinário do Conselho Europeu (que se prolonga esta terça-feira), e, ao final da noite, anunciaram que as sanções contra o regime de Lukashenko vão ser endurecidas e que os aviões bielorrussos vão ser proibidos no espaço europeu.
Além disso, os líderes europeus recomendaram que todos os Estados-membros suspendam os voos para a Bielorrússia, e vários países já se anteciparam. Esta terça-feira, noticia a AFP, foi a vez da companhia aérea francesa Air France anunciar a suspensão dos voos para a Bielorrússia, depois de, na segunda-feira, a alemã Lufthansa, a holandesa KLM, a escandinava SAS , a finlandesa Finnair e a letã Air Baltic terem feito anúncio semelhante. Também a Singapore Airlines suspendeu os voos para Minsk, enquanto a Ucrânia anunciou suspensão de todos os voos de e para a Bielorrússia.
Conclusions on #Belarus adopted at #EUCO chaired by @eucopresident pic.twitter.com/MWco6QEiTy
— Barend Leyts (@BarendLeyts) May 24, 2021
O jornalista Roman Protasevich tornou-se conhecido por ser um dos fundadores do canal de Telegram Nexta, muito utilizado pela oposição bielorrussa, que teve um papel fundamental no início dos protestos após a vitória de Lukashenko nas presidenciais de agosto do ano passado, considerados fraudulentas pela oposição e pelo Ocidente. Através do Nexta, os bielorrussos tinham acesso a imagens e vídeos em direto das manifestações, sendo igualmente utilizado como ferramenta para convocar protestos.
Protasevich estava exilado na Lituânia e em novembro do ano passado entrou para a lista de “terroristas” procurados pelo regime, acusado de incitar o ódio e de organizar protestos ilegais. Foi detido no domingo, depois de o avião em que se seguia ter sido desviado para Minsk, minutos antes de entrar em espaço área lituano.
#EUCO leaders acted forcefully in response to the outrageous actions of the Belarus regime.
We are closing our airspace to planes from Belarus & call on EU airlines not to fly over the country.
Further economic sanctions will be presented soon.
https://t.co/1FmbkdY1tw— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) May 24, 2021
Este incidente tem sido condenado internacionalmente, isolando a Bielorrússia, que conta apenas com o apoio da Rússia, seu principal aliado. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu “consequências graves” para o regime, denunciando as suas “ações ultrajantes”, enquanto o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, no final da reunião dos líderes europeus, disse que a União Europeia “não vai tolerar que alguém tenta jogar roleta russa com a vida de civis inocentes”.