O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que é “preciso evitar um discurso alarmista” sobre a pandemia de Covid-19, sublinhando que é necessário um discurso “adaptado à realidade” e no qual os portugueses confiem.

“É preciso evitar um discurso alarmista. Por uma razão muito simples: os portugueses cumprem quando acreditam naquilo que se lhes diz, quando aquilo que se lhes diz cola à realidade”, afirmou o Presidente da República, numa visita ao Banco Alimentar contra a Fome, em Lisboa.

“Temos de encontrar o discurso adequado à realidade, que não pode ser igual ao de janeiro, fevereiro e março, porque as pessoas não acreditam”, acrescentou Marcelo, realçando que a situação epidemiológica no país é muito diferente em relação aos primeiros três meses do ano.

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“O discurso que se fazia não pode ser o discurso que se faz agora (…) os números crescem em casos, algumas vezes e nalgumas áreas, mas, felizmente, não crescem em internamentos, não crescem em cuidados intensivos, e não estão a crescer em mortes”, vincou Marcelo, que já defendeu publicamente a necessidade de mudar os critérios.

A alteração da situação, sublinhou o Presidente, deve-se sobretudo aos avanços na campanha de vacinação que “está a cumprir a sua missão”. Por isso, defende, é necessário olhar para o futuro: “Agora que a questão da vida e da saúde está a melhorar, temos de equilibrar com o problema da situação económica e social das pessoas.”

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Questionado sobre os ajuntamentos de adeptos ingleses no Porto, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que “houve circunstâncias que não correram, aparentemente, como aquilo que tinha sido dito que ia correr”, numa crítica à forma como a questão foi gerida pelo Governo. O Presidente falou numa “questão de comunicação”.

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“Quando se comunica que se vem em bolha, é porque se vem em bolha. Se não, não se diz que vem em bolha. Quando se fixa um limite, se depois o limite é um bocadinho superior ou diferente daquilo que era para ser, tem de se explicar porque é que é diferente”, atirou o Presidente da República, sublinhando a necessidade de se ter “a noção do exemplo que se dá”.

As críticas de Marcelo Rebelo de Sousa surgem depois de o Governo ter dito que os adeptos ingleses chegariam em bolha a Portugal e que regressariam ao Reino Unido no final do jogo. No entanto, nos últimos dias, milhares de adeptos ingleses chegaram ao Porto, e a Polícia de Segurança Pública (PSP) teve mesmo de intervir nas duas últimas noites para controlar “escaramuças” entre apoiantes do Chelsea e do Manchester City, que se defrontam esta noite, às 20h00, no Estádio do Dragão. No estádio, estarão 16.500 adeptos nas bancadas.

Apesar das imagens que chegam do Porto, onde o uso de máscara e o distanciamento físico não tem sido norma entre os adeptos ingleses, Marcelo Rebelo de Sousa recusa alarmismos e disse que o correu mal deve ser uma “lição para o futuro”.