Ana Gomes entende que António Costa deve explicações ao país pela prática reiterada de envio de dados de manifestantes para organizações diretamente visadas pelos protestos que acontecem em Lisboa — tal como aconteceu com os três ativistas anti-Putin que viram os seus dados pessoais enviados para as autoridades russas.
No seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias, a socialista argumentou que, se esta é uma “prática que vem desde 2011”, talvez António Costa “nos possa ajudar a compreender” o porquê de haver um protocolo sem qualquer “sustentação na lei”. “Acontece que António Costa ainda não falou”, lamentou a ex-candidata presidencial.
Sobre Fernando Medina, Ana Gomes defendeu que o “pedido de desculpas não chega” e exigiu que se apurasse tudo o que falta apurar. “O que está em causa é muito mais do que um erro. É um crime“, defendeu a socialista.
A embaixadora e antiga eurodeputada criticou ainda a falta de intervenção do Ministério dos Negócios Estrangeiros tutelado por Augusto Santos Silva e lamentou a leviandade com que foi acolhida o compromisso da embaixada russa de apagar os dados pessoais dos três ativistas, dois deles também com cidadania portuguesa. “A Rússia de Putin não apaga nomes. Costuma apagar os opositores“, disse.
A terminar, Ana Gomes levantou uma suspeita com base nas declarações de Ksenia Ashrafullina, que já veio a público dizer que denunciara o caso a jornalistas portugueses que o terão ignorado. A socialista relacionou essa alegada omissão com o calendário eleitoral — estavam a disputar-se eleições presidenciais — e sugeriu que houve motivações políticas nessa suposta decisão eleitoral. “Escolheram meter [a história] no bolso“, atirou.