O presidente do Conselho Económico e Social (CES), Francisco Assis, afirmou esta terça-feira que a desigualdade de género foi “das que mais aumentou” com a pandemia e que o pós-covid é um “momento de oportunidade” para “mudar alguma coisa”.
Em Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga, à margem do 3.º Fórum Económico Famalicão Made In, em declarações à Lusa, Francisco Assis referiu que na vertente social da crise causada pelo novo coronavírus é de salientar o facto de a “pandemia ter acentuado desigualdades que já existiam antes”, nomeadamente a desigualdade entre homens e mulheres.
A desigualdade de género foi uma das que mais aumentou. Os dados sobre as implicações sociais da pandemia revelam que teve efeitos mais negativos nas mulheres do que nos homens, porque elas têm um estatuto laboral mais precário, no próprio teletrabalho e na forma como foi exercido, em varias áreas”, disse.
Quanto à vertente económica da crise pandémica, Francisco Assis mostrou-se confiante na capacidade de Portugal para a ultrapassar: “Temos que recuperar do ponto de vista económico, coisa que eu acho que nós vamos conseguir fazer, esta crise tem características diferentes das crises anteriores, foi, de facto, possível manter a economia viva, as pessoas até aumentaram a poupança”, apontou.
O responsável referiu que “mal o problema da Covid esteja resolvido, haja um ambiente de tranquilidade, a economia vai retomar em grande escala, em grande força”.
Creio que o problema económico se vai resolver e temos que aproveitar os fundos de proveniência europeia para fazermos uma modernização do tecido produtivo que já era preciso fazer antes da pandemia”, reforçou.
Para Assis, “este momento é uma oportunidade, não vai mudar tudo com a pandemia, mas talvez se possa mudar alguma coisa e mudar algumas coisas que são importantes para o país”.
A oportunidade está na utilização dos fundos económicos: “Nós temos fundos comunitários à nossa disposição num volume enorme, que teríamos na mesma através do Portugal 2030, mas temos ainda mais com o Plano de Recuperação e Resiliência”.
Para o líder do CES, “se os fundos forem bem utilizados, se o país tomar consciência das alterações que tem que fazer numa articulação entre público e privado, nunca numa lógica de confronto, há condições para promover uma alteração significativa da estrutura produtiva, melhorar o funcionamento do Estado Social, melhorar a organização de empresas e da Administração Pública, aproveitar melhor as qualificações que já existem, investir mais na modernização do sistema educativo”.
Francisco Assis deixou, no entanto, um alerta: “Nós temos à nossa disposição instrumentos, a questão é saber se temos ou não condições de os colocar ao serviço do processo sério de modernização do país”, disse.