A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) começa esta quarta-feira um ciclo de debates sobre o modelo dos lares do futuro, um modelo virado para uma vida autónoma e independente que retarde ao máximo a institucionalização dos idosos.
O debate desta quarta-feira, na Casa das Histórias em Cascais, abre um ciclo de conferências que a UMP vai promover em todo o país para refletir sobre o envelhecimento e o novo modelo de resposta que o país deve adotar. Na base da discussão vai estar o documento “Respostas Seniores do Futuro — Um modelo de respostas especializadas integradas”, entregue à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social em maio e disponível na página oficial da UMP desde então.
Um modelo de envelhecimento que atrasa ou evita a institucionalização, e em que cada pessoa tem direito a cuidados consoante as suas necessidades, é a proposta da União das Misericórdias que já foi entregue ao presidente da República. Em declarações em maio, o presidente da UMP, Manuel Lemos, apontou que “o pivot de toda a política social de acolhimento para idosos tem sido o lar”, e que a proposta é a de que passe para o apoio domiciliário.
O responsável explicou que isso não significa que as Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI), mais conhecidas como lares, desapareçam, “pelo contrário”. “O que se devem é transformar porque os lares foram concebidos num momento em que o perfil do idoso era completamente diferente do perfil que hoje tem”, apontou Manuel Lemos. Acrescentou que isso vai obrigar a que sejam consideradas duas questões: a adaptação física dos lares, em termos arquitetónicos, para as pessoas que lá vivem e “recursos humanos diferentes”.
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As Misericórdias pedem também um financiamento mais adequado às necessidades de assistência, propondo que possa ser planeado a longo prazo, ou seja, acompanhar a evolução das necessidades dos idosos à medida que envelhecem e se tornam mais dependentes, o que eliminaria incertezas das famílias face à capacidade futura de prestação de cuidados.
Por outro lado, o documento apresenta a criação de um plano individual de cuidados, uma medida que o presidente da UMP defendeu pelo facto de, apesar de os idosos serem todos diferentes e apresentarem várias doenças e patologias, acabarem “todos tratados da mesma maneira”.
A UMP defende uma maior integração entre Segurança Social e Saúde e que a criação de um plano individual facilitaria o acesso à informação sobre cada utente por parte dos serviços, nomeadamente de saúde. O documento propõe as “Respostas Residenciais Seniores do Futuro”, em que o foco está na qualidade de vida dos idosos, de modo a “retardar ou evitar a institucionalização, garantindo respostas adequadas à funcionalidade do indivíduo em cada momento da sua vida”.
Nessa matéria, quer também novos conceitos residenciais consoante os diferentes estádios de funcionalidade da pessoa ao logo do seu processo de envelhecimento e pretende promover uma mudança nos padrões de cultura na área sénior e dos idosos em Portugal. Os cuidados do futuro funcionariam entre cuidados domiciliários, centros de dia e academias sénior, lares e residências apoiadas, com o apoio de serviços tecnológicos.
Na sessão desta quarta-feira participam Pedro Mota Soares, ex-ministro da Solidariedade, Trabalho e Segurança Social; Pedro Marques, eurodeputado e ex-ministro do Planeamento e das Infraestruturas; os autarcas da Amadora e de Cascais, Carla Tavares e Carlos Carreiras, respetivamente; e investigadores das universidades Nova de Lisboa e Católica, num debate moderado pelo vice-presidente da UMP Manuel Caldas de Almeida. O encerramento fica a cargo do presidente da UMP, Manuel Lemos, e de Carlos Carreiras, presidente do município anfitrião.