O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, exigiu esta segunda-feira que o Ministério da Administração Interna (MAI) divulgue mais informações sobre o acidente na A6, em Estremoz, que atropelou mortalmente um trabalhador de 42 anos e que envolveu o carro oficial de Eduardo Cabrita. O líder centrista diz ainda que, caso se comprovar que o carro circulava em excesso de velocidade no momento do atropelamento, o ministro tem de retirar “consequências políticas” e não tem condições para continuar no cargo.
Carro de ministro Eduardo Cabrita atropela mortalmente uma pessoa na A6
Em conferência de imprensa, o presidente do CDS-PP condenou o “silêncio ensurdecedor” sobre o acidente e destacou que os dados trazidos a público “não trouxeram clareza acerca do acidente, mas sim obscuridade e confusão à volta das circunstancias que motivaram este atropelamento”.
“O MAI é responsável por garantir que as polícias competentes esclareçam todos os acidentes tidos em via pública, sobretudo aqueles que provocaram vítimas mortais”, sinaliza Francisco Rodrigues dos Santos, que considera que as responsabilidades de Eduardo Cabrita “aumentam e não diminuem” após o atropelamento.
Caso se comprovar que o carro oficial do ministro circulava em excesso de velocidade, o presidente do CDS-PP considera que Eduardo Cabrita não tem condições políticas “para se manter nem mais um segundo em funções”. “Todos os portugueses sabem que o MAI é responsável pelo cumprimento das regras do Código da Estrada”, justifica Francisco Rodrigues dos Santos, que frisa ainda que a demora de algumas informações virem a público “fragiliza politicamente a posição de Eduardo Cabrita”.
Rui Rio: “Velocidade é elemento vital para apurar responsabilidade” e responsabiliza Costa pelo que acontece no MAI
Por seu turno, o presidente do PSD, Rui Rio, considera que há um “dado muito importante” que falta saber e que determinará o desfecho do caso — a velocidade a que ia o carro oficial que transportava Eduardo Cabrita. “Se ia com velocidade normal na autoestrada, é uma coisa, se vai é uma velocidade muito acima do normal, a responsabilidade terá de ser outra”, afirma em declarações aos jornalistas à saída da apresentação dos candidatos autárquicos em Vila Real.
Sobre uma possível demissão do ministro da Administração Interna se se verificar excesso de velocidade, o líder social-democrata sinaliza que as demissões dos ministros competem exclusivamente ao primeiro-ministro: “Entendeu não demitir o MAI, não por este mas por muitos outros casos e está no seu legítimo direito”.
Contudo, Rui Rio salientou que António Costa que tem de assumir a responsabilidade por “tudo aquilo que vai acontecendo de mal sobre a gestão do atual ministro da Administração Interna”. “O primeiro-ministro insiste em dizer que tem um MAI excelente”, atira o líder do PSD, assinalando que por este motivo é António Costa que “passa a ser o primeiro responsável por aquilo que vão sendo as falhas do MAI porque não o quer mudar”.
Chega vai abrir crowndfunding para apoiar família da vítima
Já o Chega anunciou esta segunda-feira que vai abrir uma iniciativa de crownfunding (angariação de fundos online) para apoiar a viúva da vítima, após o Correio de Manhã ter avançado que o inquérito aberto para investigar a causa do acidente poderá travar a indemnização entregue à família. Na origem deste atraso estão as declarações do MAI, que indicam que foi Nuno Santos quem atravessou “a faixa de rodagem” e que não houve qualquer despiste — o que leva a que a seguradora não possa ressarcir a família até o inquérito estar concluído.
André Ventura assinala que esta campanha de solidariedade é um sinal de respeito pelos “portugueses comuns”. “Algo que Eduardo Cabrita e este Governo há muito tempo não sabem o que é”, atira o deputado único do Chega, na sua conta pessoal do Twitter.
Aqueles que o Estado esquece, mas nós não. Chama-se solidariedade e respeito pelos portugueses comuns! Algo que Eduardo Cabrita e este Governo há muito tempo não sabem o que é!https://t.co/AQfilQA110
— André Ventura (@AndreCVentura) June 28, 2021
Esta campanha surge após André Ventura ter questionado formalmente o MAI sobre a velocidade a que ia o carro oficial, que ainda não é conhecida. De acordo com o CM, o deputado também quer saber se o veículo seguia em marcha de urgência ou normal e se Nuno Santos circulou de forma imprudente na faixa de rodagem central.
De recordar que não houve qualquer representante do governo português no funeral de Nuno Santos. A notícia foi avançada pelo hacker informático Rui Pinto, mas depois fonte do MAI confirmou ao Polígrafo que o ministro decidiu não comparecer no funeral para “deixar o momento estritamente reservado aos familiares e amigos”.
O Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora já está a investigar o acidente, bem como o INEM, que abriu um inquérito interno sobre as circunstâncias em que foi prestado o socorro.
Notícia atualizada às 19h52 com as declarações de Rui Rio