Portugal reiterou esta segunda-feira o seu compromisso de doar 10 milhões de euros e um milhão de vacinas para ajudar a combater a pandemia de Covid-19 nos países mais vulneráveis, num espírito de multilateralismo e solidariedade global.

No encerramento da segunda conferência online sobre o Estado de Fragilidade, organizado pelo Clube de Lisboa e pelo G7+, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, salientou o esforço do Estado português em se associar ao esforço global de combater a pandemia nos espaços territoriais onde ela está a ser mais perigosa: os países em desenvolvimento.

A pandemia é mais negativa nos países mais vulneráveis. E são esses que devem ser mais ajudados, para que todos fiquemos mais seguros“, explicou o chefe da diplomacia portuguesa, num vídeo gravado e transmitido no encerramento da conferência, referindo-se aos países do G7+, o clube de 20 dos países mais vulneráveis do mundo, que agora tem a sua sede europeia em Lisboa.

Minutos antes, no encerramento da conferência virtual, o embaixador Francisco Seixas da Costa, presidente do Clube de Lisboa, tinha-se referido à necessidade de atacar a crise sanitária global de forma diferenciada geograficamente.

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É um equívoco dizer que estamos todos no mesmo barco“, alertou Seixas da Costa, lembrando que a pandemia é ainda “mais dramática” nos países mais vulneráveis, criticando a forma como a comunidade internacional foi lenta a dar uma resposta global a uma crise que não conhece fronteiras.

Seixas da Costa falou mesmo do problema do “nacionalismo das vacinas“, denunciando a forma como muitos países acordaram tarde para a necessidade de partilhar formas de combate com países que não têm capacidade para dar uma resposta adequada à crise sanitária global.

Por isso, Augusto Santos Silva salientou o esforço da União Europeia e de Portugal, na partilha de vacinas junto de países sem capacidade financeira ou logística para aplicar aquela que se tem revelado a forma mais eficaz de travar a propagação do novo coronavírus.

O chefe da diplomacia portuguesa lembrou o esforço que Portugal está a fazer nesse sentido, tendo prometido doar 10 milhões de euros aos países de língua oficial portuguesa e a Timor-Leste, em particular, um dos países do G7+, bem como a entrega de pelo menos 5% das vacinas disponíveis para o Estado português, o que representa cerca de um milhão de doses.

Santos Silva disse que esse processo de ajuda já se iniciou e deve entrar em velocidade cruzeiro durante o segundo semestre deste ano, correspondendo a uma aposta que Portugal faz na estratégia de ajuda multilateral.

Essa ajuda multilateral, tinha dito Seixas da Costa, é uma das três “janelas de oportunidade” que o mundo vive atualmente, com a eleição do Presidente Joe Biden nos EUA, juntamente com a reeleição de António Guterres como secretário-geral da ONU e com a vontade europeia de não ficar para trás como grande potência mundial, impondo os valores da democracia e da solidariedade.

Hélder da Costa, secretário-geral do G7+, no final da sessão de encerramento da conferência sobre o Estado de Fragilidade, salientou o valor da solidariedade como motor essencial para o desenvolvimento dos países mais vulneráveis e que foram os mais afetados pela pandemia de Covid-19.

“Há uma evidente desproporcionalidade na afetação desta pandemia“, explicou Hélder da Costa, referindo-se ao tema central da conferência e repetindo o apelo feito pelos 20 países do G7+ para que sejam urgentes medidas para “mitigar o impacto da crise sanitária global em pessoas de países frágeis com comunidades vulneráveis, pessoas deslocadas internamente e refugiados”.

Na conferência virtual, em que participaram 19 pessoas de 13 países, incluindo atuais e ex-membros de governos, entidades multilaterais, academia, setor privado, meios de comunicação social e sociedade civil, sobressaiu a necessidade de multilateralismo que Hélder da Costa resumiu na sua intervenção, alertando para os riscos de aumento de conflitualidade em países que já eram vítimas de instabilidade.

Hélder da Costa pediu ainda a libertação de patentes das vacinas contar a Covid-19, solicitando a sua rápida produção e distribuição a nível global, nomeadamente com a construção de fábricas nas regiões mais desfavorecidas.