O secretário da Saúde e Proteção Civil da Madeira disse esta terça-feira que o surgimento da variante Delta no arquipélago “já era expectável“, sublinhando que a mesma “não tem qualquer tradução no agravamento” da evolução da pandemia na região.
Nós já enviamos desde abril amostras para o Laboratório de Saúde Pública do Instituto Nacional Ricardo Jorge e naturalmente estávamos à espera, até porque a Madeira esteve aberta durante um período de tempo aos turistas provenientes do Reino Unido”, afirmou Pedro Ramos, sublinhando que não houve “qualquer tradução no agravamento da evolução da pandemia” na região
O governante sublinhou que a Madeira tem registado uma média de quatro a cinco casos por dia, alguns tratando-se mesmo de casos importados.
A variante predominante na Madeira é a Alfa, segundo Pedro Ramos, que afirmou que a “Delta não teve tradução sobre o Serviço Regional de Saúde em termos de pressão“, explicando que foram disponibilizadas “camas se o Serviço Nacional de Saúde precisar”. Neste momento, estão internados três doentes na unidade polivalente do Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, e já há algumas semanas que a unidade não tem doentes nos cuidados intensivos.
De acordo com o mais recente relatório de situação sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal, divulgado pelo Instituto Nacional Saúde Ricardo Jorge (INSA), a variante Delta, associada inicialmente à Índia, teve “uma subida galopante” na frequência relativa a nível nacional, mas a sua distribuição “é ainda muito heterogénea entre regiões”.
O INSA explica que “esta variante é ainda a mais prevalente na região Norte (62,7%) e nas regiões autónomas dos Açores (96,8%) e Madeira (69,8%)“. O relatório do Instituto Ricardo Jorge dá ainda conta de que a frequência relativa das variantes Beta (B.1.351) e Gamma (P.1) mantém-se baixa, sem tendência crescente nas últimas amostragens. “Em particular, destaca-se que a variante Beta foi detetada a uma frequência de 0,1% e em apenas duas regiões (Lisboa e Vale do Tejo e Região Autónoma da Madeira)”, refere.
Segundo o documento, até à data foram analisadas 9.846 sequências do genoma do novo coronavírus, obtidas de amostras colhidas em mais de 100 laboratórios, hospitais e instituições, representando 284 concelhos de Portugal.
No âmbito da vigilância genómica que o INSA está a coordenar, foram obtidas 1.087 sequências da amostragem nacional de junho de 2021, a qual incidiu nos dias 2 a 15 de junho. Esta amostragem envolveu laboratórios distribuídos pelos 18 distritos de Portugal continental e pelas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, abrangendo um total de 131 concelhos.
O secretário da Saúde e Proteção Civil da Madeira enalteceu a importância do Centro de Rastreio da região, “dos poucos locais na Europa e no Mundo onde existe um filtro à entrada“, responsável pela falta de impacto da nova variante. O Centro de Rastreios da Madeira foi criado a 1 de julho de 2020.
“Desde o dia 01 de julho do ano passado vamos atingir 100 mil testes feitos nos sete laboratórios, nos 70 postos de colheita que existem no continente português e, desses 100 mil testes, 620 foram positivos, ou seja, 620 casos não vieram para a Madeira e não se propagaram por duas ou três vezes mais na nossa população”, frisou Pedro Ramos, relembrando que o teste de PCR do aeroporto continua a ser o teste que é obrigatório fazer.
Em relação aos testes entre as ilhas — Porto Santo e Madeira — o secretário garante não se tratar de “um constrangimento, mas sim de uma obrigatoriedade“. Segundo o último boletim epidemiológico da Direção Regional de Saúde, a Madeira contabiliza 57 casos ativos, tendo reportado na segunda-feira mais três casos novos, um importado da Rússia.