A Câmara Municipal de Lisboa anuncia que vai manter o programa de testagem à Covid-19 gratuita em farmácias para quem vive ou trabalha na capital, mesmo depois de o Governo anunciar que passa a comparticipar a 100% os testes rápidos de antigénio a partir desta quinta-feira.

Em resposta enviada ao Observador, a autarquia reforça ainda que este programa “não prevê limites relativamente ao número de testes que as pessoas queiram realizar”. Já no caso dos testes pagos pelo Estado, cada utente tem um limite de quatro por mês, como informa a portaria publicada ontem em Diário da República.

Até ao dia 27 de junho, foram feitos mais de 58 mil testes gratuitos nas farmácias aderentes ao programa da Câmara de Lisboa. De acordo com os dados fornecidos ao Observador pela autarquia, o pico foi atingido a 25 de junho — um dia depois de o Governo decretar a obrigatoriedade de apresentação de teste negativo ou certificado digital para entrar ou sair da Área Metropolitana de Lisboa. Nessa sexta-feira, foram feitos 8.000 testes à Covid-19.

Covid-19. Comparticipação a 100% de testes rápidos de antigénio entra esta quinta-feira em vigor

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A Câmara de Lisboa adianta que a tendência de procura elevada mantém-se: “Os números continuam na casa dos 4.000 durante esta semana”, lê-se na resposta. Há atualmente 113 farmácias em Lisboa que estão sob abrigo do protocolo de testagem da Câmara Municipal.

O Observador também pediu dados recentes sobre o número de testes feitos à Associação de Farmácias de Portugal e à Associação Nacional de Farmácias, mas não obteve resposta até agora. No entanto, a presidente da Direção da Associação Nacional das Farmácias, Ema Paulino, já tinha confirmado que “há maior procura” dos testes.

Procura de testes gratuitos nos postos móveis da Cruz Vermelha “triplicou” na região de Lisboa na semana passada

O Coordenador Nacional de Emergência da Cruz Vermelha, Gonçalo Órfão, adianta ao Observador que na semana passada foram feitos até “1.500 testes à Covid-19 por dia” nos postos móveis desta entidade. Tal coincide, uma vez mais, com a entrada em vigor da proibição de entrada e saída da Área Metropolitana de Lisboa, excepto para quem apresente comprovativo de teste negativo ou certificado digital.

Sem dúvida que nesse período houve um aumento da procura de testes, nomeadamente em Lisboa. Não temos números absolutos, mas triplicámos a procura de testes. São milhares de testes por dia, aproximadamente entre os 1.000 e os 1.500. E a tendência mantém-se”, explica Gonçalo Órfão.

O Coordenador Nacional de Emergência da Cruz Vermelha detalha que quem procura estes testes gratuitos são cidadãos que querem viajar ou frequentar um evento. Há também que procure simplesmente saber se está ou não infetado com Covid-19 por questões de precaução, mas aí os casos são menores.

Para já, a comparticipação a 100% de testes rápidos de antigénio abrange apenas farmácias e laboratórios. O Coordenador Nacional de Emergência da Cruz Vermelha aguarda mais indicações do Governo, mas acredita que a entidade também vai ser incluída e não exclui a possibilidade de ajudar na realização de rastreios em farmácias — que já alertaram para o facto de não terem tido tempo de se preparar para o previsível aumento da procura.

Testes comparticipados. Farmácias queixam-se de falta de tempo para se adaptarem

Gonçalo Órfão considera ainda que “devia haver muitos mais testes espontâneos” por precaução e para evitar a disseminação de novas variantes.

A própria população tem que ter noção que o objetivo desta comparticipação não é só fazer testes quando precisam deles: o objetivo é fazer testes de forma regular, porque só assim podemos detetar casos assintomáticos”, apela.

O Coordenador Nacional de Emergência da Cruz Vermelha garante que a entidade tem aumentando a capacidade de resposta, para corresponder ao aumento da procura.