O juiz de instrução encarregado da investigação da explosão no porto de Beirute anunciou esta sexta-feira a intenção de interrogar o primeiro-ministro demissionário, preparando o terreno para as acusações de outros ex-ministros.

O juiz Tarek Bitar foi o responsável em fevereiro pela investigação da tragédia de 4 de agosto de 2020, confirmando as acusações feitas pelo seu antecessor, que indiciaram o primeiro-ministro demissionário, Hassan Diab, e três ex-ministros, causando protestos dentro da classe política.

Diab foi “convocado para interrogatório”, disse Bitar em declarações a jornalistas, acrescentando que enviou um pedido ao Parlamento para solicitar o levantamento da imunidade parlamentar de três deputados que ocuparam cargos ministeriais: Ali Hassan Khalil (Finanças), Ghazi Zaayter (Obras Públicas e Transportes) e Nouhad al-Machnouk (Interior). Um quarto ex-ministro também está na mira da justiça: Youssef Fenianos, ex-ministro das Obras Públicas e Transportes.

A solicitação do juiz tem por objetivo indiciar os políticos por potencial de homicídio e por negligências e falhas, por não terem “tomado as medidas (necessárias) para evitar o perigo de explosão”.

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A gigantesca explosão causou mais de 200 mortos e 6.500 feridos, devastando metade da capital do Líbano, tendo sido provocada por um incêndio num armazém que alojava toneladas de nitrato de amónio.

O ex-juiz de instrução Fadi Sawan tinha indiciado em 10 de dezembro Diab e os mesmos três ex-ministros, antes de ter pedido escusa, quando Khalil e Zaayter alegaram que os procedimentos judiciais violavam a Constituição e as disposições sobre a sua imunidade.

A investigação das autoridades libanesas visa determinar as causas da explosão, mas também entender por que motivo a carga de nitrato de amónio foi descarregada no porto de Beirute para aí ficar abandonada por vários anos.