A matriz de risco, que o Governo passou a usar em março para determinar o ritmo do desconfinamento, talvez tenha mesmo de ser revista já nos próximos dias. É que esta segunda-feira a taxa de incidência disparou para 224,6 casos de infeção por cada 100 mil habitantes no país — contra os 189,4 da passada sexta-feira. O limite da escala está, para já, em 240, mostrando que, quando foi apresentada, em março, nem Governo nem DGS acreditavam num regresso a este tipo de valores. Se for considerado apenas Portugal continental o valor é ainda mais elevado — 231,0, acima dos 194,2 de dia 2.
O quadro, que é atualizado às segundas, quartas e sextas, indica ainda, no eixo horizontal, que o índice de transmissibilidade da SARS-CoV-2 — o R(t) — sobe agora para 1,19 em Portugal (era 1,16 na atualização anterior, a dia 2 de julho) e para 1,20 em Portugal continental (contra 1,17 de sexta-feira).
Os 1.483 novos casos registados no boletim desta segunda-feira (relativamente às ocorrências de domingo) são um aumento de 64,4% face aos 902 registados no mesmo dia da semana passada.
A média dos últimos sete dias, desde terça-feira, 29 de junho, é de 2.160 casos diários, um valor bem superior ao registo dos sete dias imediatamente anteriores a este período — 1.377 casos/dia entre 22 e 28 de junho
Lisboa e Vale do Tejo teve 802 dos 1483 casos de infeção registados no último dia, ou seja, 54,1% dos novos casos do país. Seguem-se o Norte (314 casos), Algarve (203), Centro (93), Açores (32), Alentejo (24), e Madeira (15).
Há agora mais 705 casos ativos do que no dia anterior (13ª subida consecutiva), uma vez que os novos casos (1.483) ficaram bem acima das recuperações (773) e do número de mortes (5) no último dia.
Os dados do boletim da DGS desta segunda-feira dão conta ainda de mais 46 internamentos com Covid-19 nos hospitais portugueses, para um total de 613. É o número mais elevado desde 29 de março (na altura 623 doentes). Ainda assim, bem longe dos números atingidos no pico da pandemia (eram 6.869 a 1 de fevereiro).
Também nos cuidados intensivos, há agora mais 8 doentes, num total de 136 camas ocupadas nestas unidades. É também necessário recuar a 29 de março para encontrar um valor desta dimensão — nesse dia foram registados os mesmos 136 doentes graves do que nesta segunda-feira. O máximo foi atingido a 5 de fevereiro — 904 doentes graves.
Em termos de subidas diárias, desde 8 de fevereiro que não havia um aumento tão grande de internamentos, em termos absolutos. O acréscimo de 46 internamentos compara com os 96 desse dia de fevereiro (no início da fase descendente da terceira vaga). No entanto, em termos relativos, não é necessário recuar sequer um mês para encontrar um dia com maiores aumentos. A 21 de junho houve uma subida de 9,4%, mais do que os 8,1% do boletim desta segunda-feira.
Situação semelhante ocorre nos cuidados intensivos. É necessário recuar a 12 de fevereiro (+10) para encontrar uma subida diária superior, em termos absolutos. Desta vez está em causa um acréscimo de 8 doentes graves. Mas se forem levados em conta valores percentuais, há um dia pior na segunda metade do mês passado — a 18 de junho houve um aumento de 6,8%, semelhante ao aumento desta segunda-feira — 6,3%.
Com as cinco mortes registadas no boletim desta segunda-feira, contam-se 31 vítimas nos últimos 7 dias, o que representa um aumento de 72% face aos sete dias anteriores, entre 22 e 28 de junho, em que morreram 18 pessoas. Este é o indicador em que os números mais se distanciam do pico da pandemia — entre 26 de janeiro e 1 de fevereiro houve 2.036 óbitos.
Entre as vítimas agora identificadas com complicações associadas à Covid-19 está uma mulher na casa dos 60 anos. Há ainda um homem entre os 70 e os 79 anos e três outras mortes acima dos 80 anos. Três dos óbitos tiveram lugar em Lisboa e Vale do Tejo. Houve ainda uma morte no Norte e outra no Algarve.
Os números desde o início da pandemia:
Casos: 890.571
Mortes: 17.117
Recuperações: 834.625