O bastonário da Ordem dos Médicos considera “fundamental” que a Direção-Geral da Saúde (DGS) tome uma decisão quanto à vacinação de crianças e jovens.
“Estas situações são complicadas, mas têm de ser tomadas decisões“, vincou Miguel Guimarães, em declarações à Lusa, no final da sessão de apresentação, na Ordem dos Médicos, em Lisboa, do novo indicador para avaliar o estado da pandemia concebido por uma equipa de especialistas.
“É preciso ter alguma prudência, é preciso ter algum cuidado, é preciso analisar todo o conhecimento que existe nesta matéria e depois tomar uma decisão”, insistiu. “Penso que muito em breve a Direção-Geral da Saúde vai tomar uma decisão sobre essa matéria, com base nos contributos dos peritos”, acredita.
A Ordem dos Médicos tem um representante no grupo de trabalho que já entregou um “documento provisório” sobre esta matéria, para “avaliação e aprovação” das autoridades competentes.
Nesse documento, adiantou à Lusa Jorge Amil Dias, presidente do Colégio da Especialidade de Pediatria, estão vertidas as “preocupações” da Ordem dos Médicos, “que devem ser consideradas e ponderadas na recomendação que a Direção-Geral da Saúde vier a fazer” sobre o assunto.
“A questão que se coloca é se é ou não é necessário vacinar as crianças com esta vacina, na medida em que a doença nas crianças, mesmo quando elas têm covid-19, é uma doença pouco grave”, centra o bastonário, referindo que a vacinação para o grupo dos jovens (12 aos 17 anos) “também está a ser analisada”. Em Portugal, a vacina contra a Covid-19 só é administrada a partir dos 18 anos.
“A questão da vacinação das crianças tem de ser encarada sempre com algum cuidado”, reconheceu o bastonário, recordando que as vacinas contra a Covid-19 “surgiram a uma velocidade absolutamente inovadora”. Porém, assinalou, “as crianças são dos seres humanos que mais vacinas fazem“, o que deixa antever que esta vacina venha a integrar a vacinação infantil no futuro.
“Teoricamente, a vacina não terá nas crianças um efeito muito diferente daquele que terá nos adultos”, admite Miguel Guimarães, realçando que, “quanto mais depressa” se atingir a imunidade de grupo, “melhor para todos”.