O intuito de levar comida de chef e experiências de restaurantes premium a casa das pessoas começou há pouco mais de sete meses, com uma plataforma de entrega dedicada apenas a esse serviço de nicho, a Volup. Este verão, mantém-se em Lisboa o serviço de delivery mas viaja-se até à Comporta com um projeto piloto — o serviço chef em casa. Vincent Farges, Paulo Morais ou Marlene Vieira são alguns dos nomes que podem tocar à campainha com os tachos na mão.
A iniciativa partiu de uma ideia tão simples quanto o facto da Comporta ser destino de férias de muitos portugueses, mas também de alguns turistas, que durante o verão se refugiam naquele enclave à beira-mar. Álvaro Meyer, fundador da Volup, admite que apesar da plataforma ser por si “ainda um bebé”, que estava na hora de dar um passo maior e levar “a casa das pessoas não só a experiência da comida de um restaurante premium com o próprio chef”.
Volup: a app portuguesa que lhe quer levar comida de chef a casa
“Acho que a experiência acaba por se tornar ainda mais exclusiva e única porque na nossa casa nós somos os únicos clientes, a atenção do chef está toda em nós”, confessa. “Temos muitos clientes nossos a passar férias nesta zona e testámos até com alguns o serviço. A Comporta, apesar de ser meio paradisíaca, é aqui ao lado, por isso tínhamos as deslocações dos chefs facilitadas, não implicam três ou quatro horas de viagem”.
Álvaro e a equipa rapidamente puseram de pé o projeto que arrancaria a todo o gás nesta semana para se prolongar até agosto. Juntou já uma série de chefs de restaurantes parceiros e a esses ainda outros que não estão presentes na plataforma de entregas mas que “gostam do serviço chef em casa” e acabam por “entregar toda a logística” à Volup. É o caso de Marlene Vieira, do Zunzum Gastrobar, e Vincent Farges, chef estrelado do Epur.
A estes juntam-se também Paulo Morais (Kanazawa), Bertilio Gomes (Taberna Albricoque), Vítor Sobral (Tasca da Esquina), Manuel Lino (Audaz Gastropub), António e Marta (Two Pack Kitchen), Luís Baena, Martim Esteves Marcos e Miguel Laffan (Palma). Cada um deles pode bater à porta e uma morada na Comporta e ocupar a cozinha a seu bel-prazer.
Os pedidos, para já, são feitos através do site da Volup ou por telefone, uma vez que a app não permite ainda escolhas personalizadas. “Não conseguimos, para este serviço, fechar um menu estanque, porque é uma coisa totalmente personalizada, temos uma equipa para atender a cada pedido”, conta. “Com este tipo de serviço temos de ser capazes de responder a cada cliente com uma solução diferente, porque depende do número de pessoas, da refeição que pretendem, do chef que escolhem. Acabamos também a fazer aconselhamento a quem não está tão dentro destas experiências”.
O serviço chef em casa funciona todos os dias da semana, consoante, claro, a disponibilidade de cada chef pretendido para determinada data — a Volup tem acesso às agendas de cada um deles para facilitar agilizar de imediato o processo de marcação. O cliente só tem de escolher se quer um almoço, um jantar ou até mesmo um brunch, e a partir daí a batata quente passa para as mãos dos chefs que “se mostraram muito abertos a aceitarem desafios dos clientes”, isto, claro, dentro do seu estilo de cozinha. O recomendado é que os pedidos sejam feitos com pelo menos cinco dias a uma semana de antecedência.
Os valores dependem sempre do tipo de modalidade escolhida e para quantas pessoas seria servida a refeição. Uma das modalidades passa pela equipa do chef ser a responsável pela refeição, outra é a presença do próprio chef que acaba por encarecer em algumas dezenas de euros o Chef at Home by Volup. Os preços começam nos 60 euros por pessoa e o valor vai crescendo conforme os requisitos.
Em tempos de pandemia, e apesar de o processo de vacinação ir a velocidade cruzeiro, Álvaro conta que não facilitam nos cuidados, até porque trata-se de um serviço onde um “estranho ao espaço vai cozinhar”. As máscaras e a desinfeção constante da equipa e do chef que se deslocam são a base de um conjunto de cuidados a ter em casa alheia. O fundador da Volup refere ainda que é exigido ao chef e aos próprios clientes um teste rápido e o certificado digital — para quem o possui — para que a refeição “decorra dentro da normalidade possível e com a maior segurança que se pode oferecer”.
Álvaro confessa que esta foi também uma forma de a Volup tentar dar a mão a alguns restaurantes que por esta altura continuam “numa montanha-russa” de aberturas e fechos, de altos e baixos, que não permitem um recomeço calmo. “Acho que o serviço pode ajudar a pôr a mexer estes chefs que em vez de estarem parados, porque os custos de manter restaurantes abertos nestas condições são elevadíssimos, e acabam por estar connosco”, diz.
A ideia é portuguesa, as refeições são premium. Testámos a Volup, a nova plataforma de entregas
O projeto vai funcionar pelo menos até final do mês de agosto, e o prolongamento vai depender do nível de sucesso do serviço. “Estamos a testar na Comporta, mas a ideia será depois ter este complemento na nossa app não só em Lisboa como possivelmente noutros locais do país, porque não está dependente do delivery”, explica o fundador. “É tudo uma questão de agendamento e de poder, de facto, proporcionar outra experiência às pessoas sem a deslocação ao restaurante”.