Angola vai participar, durante 90 dias, no esforço regional da missão da SADC para a manutenção de paz em Moçambique com 20 militares, com custo inicial previsto de 575.500 dólares (488 mil euros), foi anunciado esta terça-feira.
Segundo o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente angolano, Francisco Pereira Furtado, inclui-se nesta participação a componente dos esforços logísticos e a contribuição da República de Angola na manutenção desta força avaliada num total de 1.174.307 de dólares (995,7 mil euros).
O governante falava esta terça-feira, no parlamento angolano, durante a apresentação do projeto de resolução que autoriza o Presidente angolano, na qualidade de Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA), a enviar uma componente angolana da Força em Estado de Alerta da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) à República de Moçambique.
O diploma legal, apreciado com caráter de urgência durante a oitava reunião plenária extraordinária da presente sessão legislativa da Assembleia Nacional (parlamento angolano) foi aprovado por unanimidade com 182 votos favoráveis, nenhum contra e nenhuma abstenção.
A componente angolana das Forças em Estado de Alerta da SADC à Moçambique vai contar com 20 militares, nomeadamente 2 oficiais no Mecanismo de Coordenação Regional, 8 oficiais no Comando da Força e uma aeronave do tipo IL-76 de Projeção Estratégica com os respetivos tripulantes com 10 militares.
Apoiar a República de Moçambique à combater os atos de terrorismo violento mediante a neutralização da ameaça e a restauração da segurança visando o ambiente seguro, no domínio do reforço da paz e da manutenção da segurança através da implementação de cursos de ação constituem alguns dos objetivos da missão angolana.
Em declarações aos jornalistas no final da aprovação da resolução, Francisco Pereira Furtado, garantiu que as forças angolanas “não estarão diretamente engajadas em ações combativas, mas de apoio à projeção das forças que irão cumprir esta missão de estabilidade da província de Cabo Delgado”. “Oficialmente, esta é a primeira missão das FAA na vertente de imposição de paz”, disse o governante angolano, anunciando que o contingente angolano parte no dia 29 deste mês para Moçambique.
Francisco Pereira Furtado recordou que Angola já participou anteriormente em missões humanitárias, entre 2016 e 2019, como de apoio às calamidades na cidade da Beira e da missão do Lesoto, referindo que o país vai participar desta nova missão “com orgulho”.
“O Estado angolano está em condições de participar efetivamente das missões de apoio e manutenção da paz e é nesta vertente que temos que trabalhar e temos de nos sentir orgulhosos porque vamos participar nesta missão”, frisou.
Para esta primeira fase de 90 dias, observou o ministro de Estado angolano, a “nossa participação é apenas no capítulo de integração no posto comando da missão e da projeção de forças de outros países que têm dificuldades e meios para o fazer”.
“Por isso disponibilizamos um total de 20 oficiais incluindo a tripulação, não estaremos diretamente engajados em ações combativas, mas se a situação evoluir e haver necessidade deste engajamento logicamente que o Presidente da República solicitará à Assembleia Nacional o envio de um contingente operacional”, rematou.
A missão angolana propõe-se ainda apoiar Moçambique a “repor a lei e a ordem nas zonas afetadas na província de Cabo Delgado” e “prestar apoio em meios aéreos e marítimos a fim de fortalecer as capacidades operacionais das forças armadas e de defesa” daquele país.
Em Cabo Delgado, já se encontra um contingente de mil militares e polícias do Ruanda para a luta contra os grupos armados, no quadro de um acordo bilateral entre o Governo moçambicano e as autoridades de Kigali.
Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo Estado Islâmico.