Um tribunal do Equador retirou a nacionalidade equatoriana a Julian Assange, fundador do WikiLeaks, que atualmente está detido numa prisão no Reino Unido. O pedido tinha sido feito pelo ministério dos Negócios Estrangeiros do Equador.

De acordo com a Associated Press, a decisão do tribunal do Equador já foi notificada à Austrália, país onde Assange nasceu. O fundador da WikiLeak recebeu a nacionalidade equatoriana em janeiro de 2018, uma decisão tomada pelo então Presidente Lenín Moreno, que pretendia tornar Assange um diplomata e retirá-lo da embaixada do país, em Londres.

Julian Assange, recorde-se, refugiu-se na embaixada do Equador no Reino Unido em 2012, para evitar a extradição para a Suécia na sequências de acusações de violação e abuso sexual, que sempre negou. O caso foi arquivado em novembro de 2019, sete meses depois de Assange ser detido.

Durante sete anos, o fundador da WikiLeaks, procurado pelos Estados Unidos por vários crimes de espionagem, esteve refugiado na embaixada do Equador, e durante esse período acabou por adquirir a cidadania.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em 2019, o governo de Lenín Moreno pôs fim ao estatuto de asilo de Assange e o fundador da WikiLeaks acabou por ser detido pela polícia metropolitana de Londres por não ter cumprido uma sentença de sete anos de prisão a que tinha sido condenado na Suécia.

Desde maio deste ano, o Equador é presidido por Guillermo Lasso e o ministério dos Negócios Estrangeiros equatoriano já tinha avançado para os tribunais para retirar a nacionalidade a Assange, alegando problemas burocráticos no pedido de nacionalidade, nomeadamente assinaturas diferentes e despesas e taxas não pagas. O tribunal deu razão ao governo equatoriano, e o advogado de Assange, Carlos Poveda, anunciou que o seu cliente vai recorrer e pedir uma clarificação da decisão.

Atualmente, Julian Assange está detido na prisão de alta segurança de Belmarsh, em Londres. Os Estados unidos acusam o fundador da WikiLieaks de 17 crimes de espionagem e de um de uso indevido de computador devido à publicação de várias documentos militares confidenciais norte-americanos em 2010 e 2011.

Em janeiro, no entanto, um tribunal britânico rejeitou um pedido de extradição feito pelos Estados Unidos. Pelos crimes que está acusado, Assange arrisca uma pena de prisão que pode ir até aos 175 anos.