O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, considerou esta segunda-feira um “desafio complexo” a manutenção e consolidação das posições recuperadas dos grupos armados que atuam na província de Cabo Delgado, norte do país, mostrando “agrado” com os progressos na frente de combate. “O desafio de manter e consolidar a retaguarda tem-se revelado mais complexo, daí a necessidade de mais atenção e rigor”, declarou Nyusi.
O chefe de Estado moçambicano falava durante o lançamento oficial da Força em Estado de Alerta da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), nesta segunda-feira na cidade de Pemba, capital de Cabo Delgado.
Filie Nyusi assinalou esta segunda-feira a reconquista da vila portuária de Mocímboa da Praia e de várias “posições avançadas” dos grupos armados que atuam no norte de Moçambique, reiterando o compromisso de eliminação “do terrorismo e do extremismo violento”.
O controlo da vila-sede de Mocímboa da Praia e retorno gradual de circulação entre Palma e Mocímboa da Praia é o produto da bravura e entrega da força conjunta, com vista a devolver rapidamente a estabilidade na região”, afirmou o Presidente moçambicano.
A Força em Estado de Alerta da SADC, em cooperação com as FDS moçambicanas e o contingente militar do Ruanda, devem impedir o retorno dos grupos armados às zonas de onde foram expulsos, acrescentou.
“Nos últimos dias, temos estado a receber, com agrado, as notícias de progressão, com sucesso, das nossas forças que combatem juntamente com os nossos irmãos do Ruanda”, afirmou o chefe de Estado moçambicano.
O gabinete da Presidência da República de Moçambique avançou no domingo, em comunicado, que o contingente militar da SADC integra as forças de defesa e segurança da África do Sul, Botsuana, Angola, Lesotho e Tanzânia, nas especialidades de forças terrestres, navais, aéreas, informações, logística, entre outras.
Não é publicamente conhecido o número de militares que a organização enviou a Moçambique, mas peritos da SADC, que estiveram em Cabo Delgado, já tinham avançado em abril que a missão deve ser composta por cerca de três mil soldados.
As FDS moçambicanas contam, desde o início de julho, com o apoio de mil militares e polícias do Ruanda para a luta contra os grupos armados, no quadro de um acordo bilateral entre o governo moçambicano e as autoridades de Kigali.
O Ministério da Defesa de Moçambique confirmou no domingo a reconquista da vila de Mocímboa da Praia pelas forças conjuntas moçambicanas e ruandesas, avançando que os combates continuam para a “consolidação das zonas que prevalecem críticas”.
“As forças conjuntas de Moçambique e Ruanda controlam a vila de Mocímboa da Praia, desde as 11:00 [10:00 de Lisboa] de 08 de ago de 2021”, declarou o porta-voz do Ministério da Defesa de Moçambique, Omar Saranga, em conferência de imprensa.
Antes, o Ministério da Defesa do Ruanda já tinha anunciado num tweet a recuperação da vila portuária de Mocímboa da Praia, numa operação conjunta com as FDS moçambicanas.
Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Na sequência dos ataques, há mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.