Ambas as vacinas de mRNA, das farmacêuticas Moderna e Pfizer/BioNTech, continuam altamente eficazes na prevenção de doença grave (que conduz aos internamentos), mesmo na presença da variante Delta, mas ambas diminuíram a eficácia na prevenção da transmissão desta variante, concluem os investigadores da Mayo Clinic, num artigo publicado numa plataforma de pré-publicação e que ainda não foi revisto por cientistas independentes.
Um outro estudo, realizado em lares do Canadá, também revela uma diferença na eficácia da vacina da Pfizer/BioNTech em comparação com a da Moderna.
De janeiro a julho de 2021, o período em que decorreu a investigação da Mayo Clinic, ambas as vacinas se mostraram eficazes na prevenção da infeção: 86% para a Moderna e 76% para a Pfizer, quando comparadas com pessoas não vacinadas. No entanto, em julho, quando a variante Delta se tornou dominante (prevalência de 70%) no Minnesota, onde decorreu o estudo, a eficácia na prevenção da infeção caiu para 76% na Moderna e 42% na Pfizer/BioNTech.
Os indivíduos vacinados com a mRNA-1273 [vacina da Moderna] tiveram menos probabilidade de desenvolverem uma infeção [com SARS-CoV-2] durante o período de estudo”, escrevem os autores.
De lembrar que o objetivo principal das vacinas, quando foram desenvolvidas, era prevenir a doença Covid-19 grave, os internamentos e mortes e as vacinas continuam altamente eficazes a cumprir estes objetivos.
No período do estudo, a Moderna mostrou uma eficácia de 91,6% e a Pfizer/BioNTech de 85% na prevenção dos internamentos com Covid-19 e de 93,3% e 87%, respetivamente, na prevenção do internamento nos cuidados intensivos. Durante o mesmo período, não morreu nenhuma pessoa vacinada.
Mais, entre as pessoas que ficaram infetadas mesmo estando vacinadas, os investigadores não encontraram diferenças na gravidade ou evolução da doença na comparação entre os que tinham sido vacinados com a Moderna ou a Pfizer/BioNTech.
Os idosos produziram menos anticorpos neutralizantes do que os funcionários dos lares no Ontário
Os residentes dos lares vacinados produziram cinco a seis vezes menos anticorpos neutralizantes do que os funcionários vacinados nas quatro estruturas residenciais para idosos no Ontário (Canadá), tendo em conta a variante do vírus sobre a qual foram produzidas as vacinas (D614G) — que dominou Portugal, a Europa e vários outros países em 2020.
Além disso, os residentes que receberam a vacina da Pfizer/BioNTech produziram cerca de quatro vezes menos anticorpos neutralizantes do que aqueles que receberam a vacina da Moderna, escrevem os autores de um estudo publicado numa plataforma de pré-publicação e ainda não revisto por cientistas independentes.
Os investigadores verificaram ainda que 38% dos residentes que tinham tomado a vacina da Pfizer/BioNTech não tinham conseguido desenvolver anticorpos capazes de neutralizar a variante Beta (com origem na África do Sul) e 29% dos que tinham tomado esta vacina não tinham anticorpos contra a variantes Gamma (que surgiu em Manaus, Brasil). Aqueles que foram vacinados com a Moderna e os funcionários tiveram mais sucesso na produção deste tipo de anticorpos.
De forma geral, no entanto, a segunda dose da vacina permitiu aos idosos ter uma resposta imunitária equivalente à daqueles que tinham tido uma infeção natural e tinham recuperado.