A comissária da Metropolitan Police de Londres, Cressida Dick, afirmou que “ninguém está acima da lei”, citada pelo Times, referindo-se às acusações mais recentes de abuso sexual de que o príncipe André, filho de Isabel II, é alvo e que deram entrada esta semana no tribunal federal de Manhattan. A comissária refere ainda que as autoridades britânicas vão rever o caso à luz da investigação nos Estados Unidos, mas não será aberta para já uma investigação formal.

Mulher que acusa príncipe André de abuso sexual avançou com processo em tribunal

Os advogados de Virginia Giuffre, uma das alegadas vítimas de Jeffrey Epstein, processaram esta segunda-feira o príncipe André por a terem agredido sexualmente quando tinha 17 anos. Segundo a acusação, que envolve um pedido de indemnização e punição, não divulgados, o príncipe abusou de Giuffre em várias ocasiões, quando esta era ainda menor. E relata que, numa ocasião, o abuso sexual ocorreu em Londres, na casa de Ghislaine Maxwell, quando Epstein, Maxwell e o príncipe André a forçaram a ter relações sexuais com o príncipe contra a sua vontade. Veio a público também esta semana a disposição de Ghislaine Maxwell que se mostrou disponível para testemunhar em defesa do duque de York, que continua a negar alguma vez ter tido relações com Giuffre.

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Cressida Dick afirmou que pediu às autoridades para rever a decisão de não voltarem a investigar formalmente as acusações de que Jeffrey Epstein também teria cometido crimes sexuais no Reino Unido. “Não vou falar de indivíduos, mas o que posso dizer é que penso que aquilo a que se refere está associado a Jeffrey Epstein, de quem não vou falar uma vez que ele faleceu. E a posição ali é que tivemos mais de uma alegação que está ligada ao senhor Epstein e que as revimos, as avaliámos, e não abrimos uma investigação”, afirmou Dick, questionada pela rádio LBC diretamente sobre as acusações contra o príncipe, citada pelo Guardian.

Apesar de a Scotland Yard ter dito anteriormente que não abriria uma nova investigação criminal sobre as alegações de Virginia Giuffre, a comissária diz ter noção do impacto mediático do caso e de que “há muitos comentários nos meios de comunicação” sobre este assunto. “Estou ciente disso e de um aparente caso de tribunal civil a decorrer nos Estados Unidos, iremos, claro, rever novamente a nossa posição…mas neste momento não há investigação.”

“Ninguém está acima da lei”, afirmou, dizendo que as autoridades britânicas estão dispostas a trabalhar de perto com as americanas. “Como resultado do que se está a passar, pedi à minha equipa para dar outra vista de olhos aos documentos.”

A Metropolitan Police já descartou duas vezes uma investigação completa sobre alegações de que mulheres e jovens tinham sido traficadas ou abusadas no Reino Unido por Epstein e Ghislaine Maxwell.

Um representante do príncipe, avança o Guardian, em relação ao caso disse apenas: “sem comentários”, enquanto que o Palácio de Buckingham recusou tecer qualquer comentário sobre o tema.

O segundo filho da rainha Isabel II defendeu-se durante uma entrevista na BBC, no final de 2019, rejeitando qualquer comportamento impróprio, mas acabou por demitir-se das suas funções oficiais e afastar-se da vida pública, não tendo nessa altura sequer mostrado arrependimento pela sua ligação a Epstein, que se enforcou na prisão nesse ano, nem empatia com as vítimas.

Segundo fontes próximas ao príncipe Carlos, também este acredita que dificilmente o irmão poderá voltar à vida pública. “Isto será um dano indesejado à reputação da instituição”, afirmou essa mesma fonte ao Times, esta quinta-feira. A fonte disse ainda que embora Charles “ame o seu irmão e tenha a habilidade de ter simpatia pelas flechas que o irmão suporta”, o príncipe de Gales “concluiu há muito tempo que isto é, provavelmente, um problema sem solução.”