O Coordenador da Task Force para o Plano de Vacinação contra a Covid-19 disse esta quinta-feira no Porto que “não há nenhum risco para a saúde das pessoas” vacinadas nos últimos dias no centro instalado no Queimódromo. Foram vacinadas 980 pessoas com o imunizante da Janssen e da Pfizer, que terão agora de testar os anticorpos para se perceber se a vacina teve efeito. Caso contrário, o “ato vacinal” será considerado “nulo.
A vacinação no Queimódromo do Porto foi suspensa pela coordenação da Task Force de Vacinação para averiguação do cumprimento das normas e procedimentos em vigor, devido a uma alegada falha na cadeia de frio.
“A vacinação foi suspensa, houve uma quebra nos procedimentos de farmacovigilância e essa quebra não nos dá confiança para continuar a operar sem fazermos umas investigações, que já foram estabelecidas e estão a ser iniciadas. Todas as pessoas que foram vacinadas num período específico em que ocorreu a quebra de segurança estão a ser contactadas”, disse o Vice-Almirante Henrique de Gouveia e Melo.
Em declarações aos jornalistas durante uma visita ao Centro de Vacinação do ACES Porto Ocidental, instalado no Regimento de Transmissões do Porto, o coordenador da Task Force de Vacinas afirmou que “não há nenhum risco para a saúde dessas pessoas, o único risco que pode haver é a vacinação ser um ato nulo“.
Entretanto, segundo o responsável, através do Infarmed, que é a autoridade do medicamento em Portugal, “estamos a aplicar um protocolo que irá avaliar a evolução dos resultados da vacina, no que se refere a anticorpos, para perceber se pode ser considerado um ato vacinal ou não. Se não for considerado é um novo protocolo e as pessoas terão de ser chamadas a vacinar-se outra vez”.
Segundo Gouveia e Melo estão nesta situação cerca de 980 pessoas, vacinadas com as vacinas da Janssen e da Pfizer.
Entretanto, todas as pessoas que estavam agendadas no centro de vacinação do Queimódromo estão a ser reencaminhas para o Regimento de Engenharia até que a situação seja corrigida.
O coordenador da Task Force de Vacinas explicou que houve uma quebra na cadeia de frio, o que pode inutilizar as doses que estavam guardadas.
“Estão em vigilância um conjunto de cerca de mais mil vacinas. Estes protocolos são muito rigorosos, em termos de controlo de temperatura e manuseamento, é preferível perder vacinas do que arriscar a administração nula de uma vacina”, sublinhou.
Os utentes vacinados nos dias 09 e 10 de agosto no Queimódromo serão contactados pelas entidades de saúde, até a próxima semana, no sentido de monitorizar a eficácia das vacinas inoculadas. Poderão ainda esclarecer as suas dúvidas sobre a vacinação: vacina.covid@arsnorte.min-saude.pt.
Será solicitada uma investigação dos factos à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).
Em relação às dúvidas que têm surgido sobre a vacinação de adolescentes, entre os 12 e os 15 anos, Gouveia e Melo voltou a repetir: “a vacina é segura, é estável, está comprovada e protege contra o vírus”.
“Eu tenho a convicção que em pandemia é quase impossível no tempo escapar ao vírus e, portanto, entre ter o contacto com o vírus e ser contaminado de forma descontrolada, com as consequências descontroladas que podem acontecer, o que eu diria é que a coisa racional é ir por outro caminho, que é vacinar as crianças”, disse.
E acrescentou: “Estamos no fim de processo, temos um tempo limitado para o concluir, porque prolongar o processo é prolongar a oportunidade do vírus atuar. Peço a colaboração de toda a gente”.
Confrontado pelos jornalistas, Gouveia e Melo voltou a falar sobre a polémica no centro de vacinação que causou a demissão da diretora de agrupamento de centro do Porto Oriental, Dulce Pinto, elogiando a sua postura. Contudo, realçou que os “centros de vacinação não podem inventar num dia um padrão de vacinação, tem de ser regulado no país inteiro”.