O candidato do PS à Câmara do Porto mostrou-se esta quinta-feira solidário com a task force na suspensão da vacinação no Queimódromo do Porto, tendo acusado o presidente da autarquia, Rui Moreira, de “passar culpas” e exigido o apuramento de responsabilidades.

“Perante o silêncio ensurdecedor da Câmara Municipal do Porto em relação a este caso, Tiago Barbosa Ribeiro reafirma a sua solidariedade com a task force e apela a que todas as responsabilidades sejam apuradas”, afirma em comunicado a candidatura de Tiago Barbosa Ribeiro.

Questionada pela Lusa, a Câmara do Porto salientou que a prestação de serviços de saúde, o fornecimento de vacinas, o controlo e o acompanhamento da operação “é da exclusiva responsabilidade do Ministério da Saúde”.

Na quinta-feira, em comunicado, a task force anunciou que o centro de vacinação do Queimódromo, onde, na semana passada, a vacinação foi suspensa devido a problemas de refrigeração, só reabre depois de apuradas as causas do problema e do atraso na participação da ocorrência.

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Salientando que a decisão tomada pela equipa liderada pelo vice-almirante Gouveia e Melo defende o interesse público, Tiago Barbosa Ribeiro critica a atuação do presidente da Câmara do Porto e candidato independente às eleições autárquicas de 26 de setembro, Rui Moreira, que em vários momentos ao longo dos últimos meses “atacou publicamente as autoridades em relação ao processo de vacinação e às medidas de contenção da pandemia”.

Fazendo uso de “propaganda agressiva”, o independente, diz o candidato socialista, “pressionou” publicamente as autoridades para a abertura de um centro de vacinação “drive-thru” no Porto”, que é gerido por uma empresa privada, “quando em todo o país o processo funciona em plena articulação entre o Governo, a task force, as autoridades de saúde e os municípios”.

Recorda aliás que, em abril, o autarca fez aprovar um memorando onde afirma que “o Município do Porto criará, financiará e disponibilizará um Centro de Vacinação COVID-19, em Drive-Thru, no Queimódromo do Porto, para facilitar o processo de vacinação em curso, assegurando a logística, operação, organização de fluxo, os técnicos de vacinação e o apoio médico no espaço”.

“Agora, como faz sempre que há algum problema, Rui Moreira ou passa culpas para terceiros ou mantém-se desaparecido em local incerto”, observa o socialista, que assinala que a abertura do centro de vacinação foi amplamente divulgada por todos os meios da autarquia, que “não se coibiu de atacar o Governo e a task force pelo que considerou ser um ‘atraso’ na autorização”.

Tiago Barbosa Ribeiro espera que este acontecimento sirva de “exemplo” e que doravante “não existam mais pressões da autarquia sobre as autoridades de saúde, que têm tido um trabalho notável na gestão e no sucesso de todo o processo de vacinação”.

Confrontada com as críticas do candidato socialista, a autarquia esclareceu que “durante este período pandémico e, em particular, no que toca ao processo de vacinação, sempre disponibilizou os recursos necessários, nomeadamente através da cedência de viaturas aos ACES, da disponibilização de serviços da Polícia Municipal e Proteção Civil, da verba para aluguer de tendas para Centro de Vacinação do Cerco, da cedência de escolas, do protocolo com as centrais de táxis para transporte de utentes aos centros de vacinação, bem como do espaço no Queimódromo”.

A prestação de serviços de saúde, o fornecimento de vacinas, o controlo e o acompanhamento da operação, acrescenta o município, “é da exclusiva responsabilidade do Ministério da Saúde”.

Na quinta-feira, em comunicado a task force revelou estar a aguardar pelas conclusões do inquérito, que se encontra em curso, de forma a tomar uma decisão referente ao centro de vacinação do Queimódromo”.

A vacinação no Queimódromo foi suspensa na semana passada, devido a uma falha na cadeia de frio tendo, posteriormente, os laboratórios Unilabs confirmado ter havido “um problema” no frigorífico de armazenamento das vacinas.

Mal foi conhecida pela task force, esta ocorrência foi “de imediato” encaminhada para a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), Polícia Judiciária (PJ) e Administração Regional de Saúde (ARS) Norte, tendo sido aberto um inquérito que se encontra em curso.

Em Portugal a Covid-19 provocou, desde março de 2020, 17.613 mortes, tendo sido registados 1.012.125 casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.