A ex-ministra da Saúde e da Solidariedade francesa, Agnès Buzyn, foi esta sexta-feira indiciada no final da sua audição por magistrados do Tribunal da República, que está a investigar a maneira como é que a pandemia está a ser gerida em França. A ex-governante é acusada de “colocar a vida dos outros em risco”.

Agnès Byzyn é a primeira figura pública a ser implicada neste vasto caso dedicado ao modo como as autoridades francesas anteciparam e depois geriram diariamente a pandemia que fez pelo menos 115.000 mortos no país, segundo o sistema nacional de saúde francês. A antiga governante obteve, além disso, o estatuto mais favorável de testemunha auxiliar por “abstenção voluntária de combater um desastre”.

Logo no início de 2020, Agnès Buzyn, hematologista de formação, desempenhava um papel fulcral, dirigindo o Ministério da Saúde. Depois de ter abandonado o Governo para se candidatar à câmara municipal de Paris nas eleições autárquicas, Buzyn desencadeou protestos ao declarar à imprensa, em março de 2020, após a sua derrota, que o processo eleitoral deveria ter sido suspenso devido à ameaça da pandemia.

Em junho, a ex-ministra confessou que quando “deixou o ministério” chorou porque sabia “a onda de tsunami que estava à nossa frente”. “Desde o início [da campanha municipal] só pensava numa coisa: o cooronavírus”, referiu em entrevista citada pelo Le Monde, acrescentando que as eleições deviam ter sido suspensas não porque perdeu, mas pelo vírus. Contudo, esta declarações não vão ao encontro ao que Agnès Buzyn disse no início de fevereiro, em que destacava os “risco muito baixos” da propagação massiva da Covid-19. 

Desde então, diversas queixas — como falta de equipamento de proteção para os profissionais de saúde e para a população, equívocos sobre a necessidade ou não de usar máscaras — foram apresentadas junto do TJR, que abriu um inquérito em julho de 2020 sobre a infração de “abstenção de combater um desastre”.

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