O secretário-geral do PCP considerou, esta segunda-feira, que o PS está a utilizar a temática da habitação como um trunfo eleitoral e a prometer “mundos e fundos”, apesar de estar “longe” das respostas necessárias para resolver o problema.
“A habitação é um problema sério, requer investimento do Estado e a intervenção das autárquicas. Um problema sério demais para ser jogado demagogicamente como trunfo eleitoral do PS e do seu Governo, que anda para aí a prometer mundos e fundos que estão longe de dar resposta às carências de habitação existentes”, sustentou Jerónimo de Sousa, durante um comício da CDU, no concelho da Amadora.
Perante mais de 100 pessoas, que empunhavam bandeiras da CDU, no salão de festas da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Amadora, o dirigente comunista explicitou que “neste concelho o direito à habitação não está assegurado” e que ainda “há muito por fazer” na autarquia liderada pelo PS desde as autárquicas de 1997.
Contudo, prosseguiu Jerónimo de Sousa, na Amadora e no resto do país o Governo “continua empoladamente a acenar com a chamada ‘nova geração de políticas de habitação’, com meios insuficientes e que estão longe de corresponder à solução que anunciam”.
Acusando o executivo socialista de apenas criar “designações atrativas”, o secretário-geral comunista disse que são precisos “outros recursos e também outras medidas”.
Uma delas, exemplificou, é a alteração da legislação sobre o arrendamento, nomeadamente, “revogar a ‘lei dos despejos’, assegurar a estabilidade no arrendamento” e também “garantir rendas que sejam compatíveis com os rendimentos dos trabalhadores”.
PCP acusa PS de fazer demagogia com “problema sério” da habitação
O eventual aumento do preço da eletricidade também está entre as prioridades da CDU para combater “as injustiças que persistem”.
Por essa razão, Jerónimo de Sousa lembrou que o PCP vai apresentar um conjunto propostas esta semana no parlamento, entre elas a fixação de um preço máximo no preço da energia — propostas anunciadas no final de junho, durante as jornadas parlamentares do partido.
“Não é aceitável que estas subidas da energia, resultantes das opções da política energética dos governos PS, PSD e CDS, continuem a não ter resposta em medidas governamentais que travem o desastre em curso e qualquer subida das tarifas”, completou, acrescentando que para o PCP “o que se impõe é continuação da sua descida, nomeadamente da tarifa regulada”.
Já o candidato da CDU à Câmara da Amadora, António Borges, rejeitou as críticas de a coligação estar agarrada “ao passado” ou sofrer de saudosismo, projetando essas críticas para a gestão camarária socialista.
O candidato disse que o executivo liderado por Carla Tavares demonstrou durante os últimos anos uma “total falta de respeito” pelos munícipes e até um “atentado à sua inteligência” por apresentar propostas “já afirmadas ou projetos aprovados anteriormente”.
Exemplo disso, justificou, é a requalificação do Centro de Saúde da Brandoa, cuja adjudicação do projeto foi aprovada em reunião do executivo em 30 de junho, apesar de ser anunciada pela PS como promessa eleitoral.
No final do comício, um grupo de cerca de 30 jovens aproximou-se de Jerónimo de Sousa e espalhou-se pelo palco para tirar uma fotografia com o secretário-geral comunista.
A CDU – composta pelo Partido Comunista Português (PCP), pelo Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) e pela Associação Intervenção Democrática – concorre a 305 câmaras nas eleições autárquicas de 26 de setembro. Há quatro anos perdeu nove municípios para os socialistas e contabilizou o pior resultado neste ato eleitoral.