A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, classificou, esta quinta-feira, as “condições favoráveis de financiamento” como as “palavras mágicas” para a recuperação da pandemia de Covid-19 neste momento, numa conferência em Paris.

“Temos de assegurar que as condições de financiamento continuam favoráveis. Essas são as três palavras mágicas: condições de financiamento favoráveis”, disse, em inglês, a uma audiência de estudantes, que participava no evento de forma presencial e remota.

A antiga responsável máxima do Fundo Monetário Internacional (FMI) salientou a importância dessas condições continuarem “disponíveis para os negócios, para as grandes empresas, para os agregados familiares, para as ‘startups’, para que prossigam a sua atividade e possam investir”.

“Já estamos a observar as empresas a pedir empréstimos para investir novamente”, destacou, apelando ainda a que, em termos da política orçamental, os apoios vigentes durante as fases mais agudas da pandemia de Covid-19 se mantenham.

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“Na frente orçamental, acreditamos que o apoio ainda é necessário. E como a minha colega e amiga Ursula Von der Leyen [presidente da Comissão Europeia] disse ontem [quarta-feira], não podemos repetir os erros do passado”, vincou.

Quanto aos apoios futuros, na opinião de Christine Lagarde “a diferença estará em como o apoio orçamental será direcionado”, e apontou aos novos Planos de Recuperação e Resiliência a serem implementados em toda a UE.

“Penso que será um processo que alguns olharão como sendo doloroso, mas que é uma relação contratual regular, normal”, referindo-se à série de compromissos dos países para receberem os empréstimos e subvenções ao abrigo do Fundo de Recuperação europeu.

Quanto às regras orçamentais em vigor, Lagarde disse acreditar que “que terá de haver uma transição de volta às regras”.

“Precisamos de continuar com as regras ao nível da União Europeia, porque somos 27 Estados-membros diferentes e não temos um Ministério ou ministro das Finanças único”, explicitou.

Na conversa com os estudantes, Christine Lagarde recordou ainda os primeiros passos dados em reação à pandemia de Covid-19, em março de 2020.

“Na altura em que as medidas de confinamento foram decididas, o Banco Central Europeu, numa noite, na mesa da minha cozinha, na verdade – tenho de o dizer – colocou em marcha um duplo plano massivo para responder”, contou.

O objetivo foi “assegurar que não haveria fragmentação”, que ” a liquidez fluiria no processo, e para assegurar que as famílias e empresas poderiam ter acesso a financiamento e empréstimos”.

“Foi rápida, grande, e conjunta”, disse sobre a resposta à crise por parte das instituições europeias.