Dificilmente haverá um estudante que não tenha sofrido de dores de barriga pelo menos uma vez antes de um exame ou um trabalhador que não tenha tido de disfarçar o suor nas mãos ou na testa numa das entrevistas de emprego a que teve de ir. As reações de stress e ansiedade são normais e até podemos usá-las a nosso favor, defendem os psicólogos da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos.

O stress perante situações novas ou de pressão é, muitas vezes, encarado como uma situação negativa, mas a experiência dos psicólogos mostrou que, quando os alunos percebem os benefícios do stress e reduzem a perceção de ameaça, conseguem baixar os níveis de ansiedade e ter melhores resultados nos exames.

Além disso, estão mais atentos e envolvidos nas aulas, aceitam os desafios académicos de uma forma mais saudável e procrastinam menos, referem os autores no artigo publicado na revista científica Journal of Experimental Psychology: General. A experiência foi feita com mais de 300 alunos universitários.

Usámos uma abordagem do tipo ‘dizer é acreditar’, através da qual os participantes aprendem sobre os benefícios adaptativos do stress e são convidados a escrever sobre como isso pode ajudá-los a alcançar isso [um objetivo]”, diz Jeremy Jamieson, coordenador do estudo no Laboratório de Stress Social da Universidade de Rochester, em comunicado de imprensa.

A resposta de stress, que se traduz em coração acelerado, aumento da temperatura corporal ou outros sintomas, é visto como algo a evitar, mas é esta mesma resposta que permite aumentar a oxigenação do cérebro e que liberta hormonas que nos darão energia.

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Claro que os sintomas podem ser incapacitantes, mas deixar de enfrentar determinadas situações para evitar o stress não é a melhor solução, dizem os autores.

Não podemos fugir dos exames, aprendizagens ou derrotas só porque nos causam stress, mas podemos aprender a lidar com as situações em nosso benefício, defendem, nomeadamente transformando as situações que provocam stress em desafios em vez de ameaças.

Mas como? Primeiro, é preciso estar ciente que o stress não significa sempre angústia ou ansiedade, mas que é a resposta do organismo a um desafio, bom ou mau. Basta pensar que o entusiasmo também é  uma reposta de stress.

Depois, para avançarmos ou melhorarmos temos, muitas vezes, de sair da nossa zona de conforto. As crianças e jovens têm de enfrentar tarefas difíceis e desafiantes e os pais não devem escudar os filhos de todas as situações que desencadeiem stress.

Os nossos filhos não vão aprender a ultrapassar os obstáculos sozinhos se estivermos constantemente a eliminá-los do caminho. “O objetivo não deve ser ajudar as crianças a tirar um A [nota máxima nos exames], mas sim forçar os limites de seus conhecimentos e habilidades”, lê-se no comunicado de imprensa.