O líder do CDS considerou quarta-feira que o primeiro-ministro “parece um pai natal antecipado” e “até promete o fim da pandemia a uma semana” das autárquicas, questionando o porquê de as restrições não terem já sido levantadas.
“Nós temos um primeiro-ministro no nosso país que parece um pai natal antecipado no mês de setembro. António Costa transformou-se num pai natal em setembro, prometendo tudo a todos, mesmo aquilo que não pode cumprir com um PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] que atira o dinheiro para cima da máquina do Estado, e esquece as famílias e as empresas”, afirmou.
Francisco Rodrigues dos Santos discursava na noite de quarta-feira num comício em Talhadas, freguesia no concelho de Sever do Vouga, distrito de Aveiro, que é liderada pelo CDS-PP.
Neste município, o candidato do CDS à Câmara é Ricardo Silva e o vice-presidente do partido António Carlos Monteiro é o cabeça de lista à assembleia municipal.
Perante cerca de uma centena de pessoas, o líder criticou que António Costa “agora, pasme-se, até promete o fim da pandemia a uma semana das eleições”.
“E eu pergunto, António Costa está assim tão desesperado para prometer tudo a todos e ser um pai natal em pleno mês de setembro?”, atirou.
Apontando que “Portugal é o país que em percentagem tem mais população vacinada no mundo inteiro e mantém um nível de restrições mais elevado”, o presidente centrista questionou também “se a partir de outubro são levantadas a esmagadora maioria das restrições, porque é que já não foram há um mês”.
Na sua ótica, a resposta prende-se com “a matemática e a tática eleitoralista do PS” que “se sobrepõe a qualquer razão ou dado objetivo”.
“Porque o PS preferiu prejudicar todos aqueles que continuam com restrições na sua atividade — os bares, discotecas, festas, romarias, estádios, as pessoas nas creches — para lançar esta medida na véspera de eleições, e com isso tentar desesperadamente que o poder se lhe mantenha nas mãos quando sente que o povo lho quer retirar no próximo ato eleitoral”, continuou.
O presidente centrista afirmou também que, em contrapartida, nunca ouviu António Costa “prometer baixar impostos”, dizer “que os doentes nas listas de espera vão poder ter exame, consulta ou cirurgia no setor particular ou social” ou dizer “que vai resolver problema da habitação”, apontando que o primeiro-ministro e secretário-geral do PS “só promete em vésperas de eleições” e “não quer ajudar os portugueses, quer apenas sustentar as suas clientelas políticas”.
Francisco Rodrigues dos Santos defendeu também que o CDS é o “partido que não vai permitir ao PS ter sorte nas próximas eleições” e que vai “apelar ao povo que castigue esta demagogia e este taticismo eleitoral em urnas”.
No segundo comício em período oficial de campanha para as eleições autárquicas de domingo, o líder voltou a discursar num palco montado em cima de uma carrinha, com púlpito e luzes azuis, como tinha acontecido no dia anterior em Águeda.
Em frente à Junta de Freguesia de Talhadas, os discursos foram acompanhados de porco no espeto, caldo verde, cerveja e bailarico, e até o líder deu um pezinho de dança.
Em termos autárquicos, o líder centrista disse que o CDS “vai crescer e vai mostrar ao país à esquerda que está vivo, está preparado para uma alternativa política ao PS a nível nacional, não morre porque tem alma e que é o grande partido da direita certa para Portugal”.
O primeiro-ministro prepara-se para anunciar na quinta-feira o levantamento de um conjunto de restrições que vigoraram por causa da Covid-19, com efeitos a partir de 01 de outubro para evitar “confusão” com as eleições autárquicas de domingo.
“Há condições sanitárias para avançarmos com confiança para a nova fase prevista desde julho no plano do Governo, mas não queremos qualquer acusação de eleitoralismo”, declarou à agência Lusa um membro do executivo, depois de questionado sobre a razão de as medidas de alívio a aprovar em Conselho de Ministros não entrarem em vigor já às 00:00 de sábado, mas apenas em 1 de outubro.