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Sorrisos, Simpsons, musas e até uma ativista na passerelle: o regresso da moda a Paris

Este artigo tem mais de 2 anos

Entre 27 de setembro e 5 de outubro, Paris pôs o outono em espera e focou-se no verão de 2022. A clássica capital da moda voltou ao tradicional calendário com eventos cheios e emoções ao rubro.

Chanel  : Runway - Paris Fashion Week - Womenswear Spring Summer 2022
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A coleção da Chanel arrancou com roupa de banho e interior em preto e branco, numa homenagem a Karl Lagerfeld, e depois seguiram-se inúmeros looks que revisitaram os ícones da casa num exímio equilíbrio entre a inspiração e a atualidade

Getty Images

A coleção da Chanel arrancou com roupa de banho e interior em preto e branco, numa homenagem a Karl Lagerfeld, e depois seguiram-se inúmeros looks que revisitaram os ícones da casa num exímio equilíbrio entre a inspiração e a atualidade

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Cai o pano na ronda pelas quatro capitais da moda (Nova Iorque, Londres, Milão e Paris) com a apresentação das coleções para a próxima primavera/verão 2022. Em Paris, uma semana preenchida de eventos deu muito que ver e pensar tanto a quem esteve lá, como a quem acompanhou à distância. Algumas casas apostaram no regresso ao desfile/espetáculo, outras continuaram a explorar as possibilidades da apresentação digital. Anna Wintour regressou a Paris com os seus óculos escuros, as influencers regressaram aos desfiles com os seus telemóveis em punho (apesar de um apagão pelo caminho) e os designers regressaram às apresentações ao vivo com com um fervilhar de ideias para surpreender. Entre um calendário oficial com 98 desfiles, um calendário oficial de eventos e tantas outras iniciativas que acontecem à boleia da Semana da Moda, as novidades são muitas, mas vale a pena destacar algumas — sem esquecer a passagem pela capital francesa de três criadores portugueses, Maria Carlos Baptista, Constança Entrudo e Ricardo Andrez, que mostraram as suas coleções no âmbito do calendário oficial de eventos através de uma iniciativa conjunta do Portugal Fashion e da ModaLisboa.

Os efeitos da pandemia, o público na sala e a moda de autor. Constança Entrudo, Maria Carlos Baptista e Ricardo Andrez em Paris

Logo ao segundo dia de certame a casa Christian Dior mostrou que queria regressar em grande aos desfiles presenciais, com uma coleção que convidou a uma viagem à década de 1960 e uma curiosa passerelle. Maria Grazia Chiuri voltou a inspirar-se numa artista mulher, desta vez a italiana Anna Paparatti,que até ajudou na conceptualização do cenário em estilo de tabuleiro de jogo. Viu-se a primeira coleção apresentada ao vivo pelo novo designer da Givenchy, Matthew Williams. Confirmou-se que John Galliano continua um mestre a contar histórias com roupa, como prova o vídeo da sua nova coleção para a Martin Margiela.

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Dries van Noten optou por ainda não regressar aos desfiles ao vivo, mas as suas propostas põem um ponto final à simplicidade da roupa de confinamento e são uma celebração irresistível de cores e formas. Na casa Schiaparelli, Daniel Roseberry apresentou a sua coleção no quartel-general na Place Vêndome e mostrou que está decidido a mergulhar nas influências surrealistas, que foram a assinatura da fundadora Elsa na primeira metade do século XX. As peças de roupa ultra-bordadas ou a bijuteria dourada que reinventa partes do corpo prometem cativar fãs.

A semana acabou com o desfile da Louis Vuitton no Museu do Louvre e uma guest list com muitas celebridades. No ano em que a marca celebra os 200 anos do nascimento do próprio Louis Vuitton o espaço do desfile estava cheia de significado, uma vez que a Passage Richelieu era onde a imperatriz Eugénia se encontrava com o fundador da casa e fornecedor de baús.

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E Nicolas Ghesquière tornou tudo ainda mais significativo ao trazer referências históricas para a atualidade com a graciosidade contemporânea que caracteriza o seu trabalho. Nem o facto de uma ativista ter invadido e percorrido a passerelle com uma cartaz que dizia “overconsumption = extinction” perturbou a audiência.

Contudo, o último evento desta semana de moda foi o desfile da AZ Factory em homenagem ao seu fundador, Alber Elbaz, que morreu em abril deste ano. Contudo a história desta Semana da Moda só fica completa com as seguintes referências.

Dior : Runway - Paris Fashion Week - Womenswear Spring Summer 2022 Givenchy - Runway - Spring/Summer 2022 Paris Fashion Week doc2020112830118973-cot0019 "Love Brings Love" Show – In Honor Of Alber Elbaz By AZ Factory - Paris Fashion Week - Womenswear Spring Summer 2022

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A sorridente viagem no tempo da Chanel

A uma primeira vista o espaço do desfile Chanel parecia apenas uma simples passerelle, longe dos cenários extraordinários a que a marca nos habituou sob o teto luminoso do Grand Palais. Mas à medida que o desfile começa faz-se luz e afinal todo o espaço é como uma máquina do tempo que remonta à década de 1980, com fotógrafos à volta da passerelle, modelos que desfilam a um ritmo espontâneo e sorriem para as câmaras, e até a própria coleção foi buscar inspiração à moda Chanel da época. Tivesse Claudia Schiffer feito uma visita surpresa a desfilar e o público iria com certeza confirmar nos seus smartphones a data em que nos encontramos. A coleção arrancou com roupa de banho e interior em preto e branco, numa homenagem a Karl Lagerfeld, e depois seguiram-se inúmeros looks que revisitaram os ícones da casa num exímio equilíbrio entre a inspiração e a atualidade. Houve tailleurs em tons pastel, uma variedade de colares e muitas carteiras no clássico efeito matelassê que está na moda desde 1955 (quando foi criada a famosa carteira 2.55). Segundo escreve a Vogue US, Virginie Viard adorava o som das lâmpadas de flash nos desfiles dos anos 80, e esta foi a sua forma de reviver a emoção desses tempos.

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Quando o cenário é Paris, porque não aproveitá-lo?

Passadas restrições impostas pela pandemia, a Semana de Moda de Paris é também uma oportunidade de celebrar a cidade e o regresso da tribo da moda aos desfiles presenciais foi o mote perfeito. No desfile da casa Valentino a primeira fila foi transformada numa espécie de café, com cadeiras e mesas para os convidados, e a passerelle continuava para a rua, fazendo da estrada o palco do desfile e dos verdadeiros cafés a plateia, onde estavam também convidados da marca. Pierpaolo Piccioli falou à Vogue Us sobre a importância do fundador, Valentino Garavani, ter embarcado na febre da juventude da década de 1960 e ter provocado uma mudança. “Acho que esta é a minha maneira de fazer o mesmo hoje: manter os códigos e os valores da couture e falar sobre a beleza, que tem a ver com humanidade e um guarda-roupa partilhado.” O desfile abriu com um look Valentino da coleção branca de 1968 e depois foi pura magia de Piccioli, numa coleção com looks masculinos e femininos, pintada em todas as cores.

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Chloé montou o seu desfile à beira Sena, na Quai de la Tournelle, com os convidados virados para o rio e a catedral de Notre Dame no cenário. Gabriela Hearst inspirou-se no Amor e trouxe consigo para a marca e para este grande palco da moda a reflexão sobre a responsabilidade ambiental e social. Um exemplo é o lançamento da Chloé Craft, uma seleção de peças feitas à mão. Na coleção sobressaem as peças feitas com técnicas artesanais, os trench coats e uma aposta no linho em substituição do algodão.

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A Saint Laurent voltou a marcar encontro aos pés da Torre Eiffel com o icónico monumento como pano de fundo. A coleção de Anthony Vaccarello foi, antes de tudo, uma homenagem a Paloma Picasso, em outros tempos musa do próprio fundador e ícone de estilo. As propostas mostraram inspiração no vestuário masculino e nos looks da década de 1980, com especial destaque para os tecidos coleantes, os jumpsuits e os ombros largos.

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O mesmo cenário foi escolhido para o desfile da L’Oréal Paris, que aconteceu ao ar livre, aberto ao público e transmitido para 30 países, que reuniu uma série de embaixadoras para desfilar, entre elas a Dama Helen Mirren, Camila Cabello, Amber Heard, Isabelli Fontana e Soo Joo Park. Este é o quarto desfile da marca parceira da Semana de Moda de Paris que aposta no empoderamento das mulheres e no programa “Stand Up Against Street Harassment”, tudo isto no  ano em que se celebra os 50 anos do slogan “Porque nós merecemos”.

Uma década de Olivier Rousteing na Balmain e um desfile de musas

O desfile da casa Balmain foi uma homenagem ao seu próprio diretor criativo, Olivier Rousteing, que celebra 10 anos ao leme da marca. Se, quando chegou, com apenas 25 anos, foi uma mistura de jovem prodígio e contratação surpresa, passada uma década está mais do que garantido o seu lugar no palco da moda, assim como a sua assinatura de estilo. Prova de tudo isto foi o desfile dividido em duas partes. Primeiro a coleção prêt-à-porter primavera/verão 2022, com propostas femininas e masculinas, um domínio de preto e branco em diferentes texturas e uma seleção de looks finais que foi uma reflexão pessoal, uma vez que as roupas pareciam envolver as modelos em tiras de tecido e foi esta a forma de Rousteing levar para a passerelle uma experiência pessoal que viveu recentemente, um acidente durante o confinamento que lhe provocou queimaduras e respetiva recuperação no hospital. Depois a sala, cheia de milhares de fãs da marca e do designer, mergulhou na escuridão e acorda ao som da voz de Beyoncé numa gravação onde a artista fala para Olivier Rousteing e relata a primeira vez que se conheceram e da parceria para os espetáculos no festival Coachella em 2018, “Tu ajudaste-me  a fazer o meu statement musical e ajudaste-me a amplificar a minha mensagem. E os teus designs fizeram-me sentir poderosa. Obrigada Olivier. A Balmain é a tua fantástica ferramenta tanto para a beleza como para a mudança. A tua visão, as tuas convicções e o teu talento influenciaram-nos e comoveram-nos a todos.”

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E porque uma diva era pouco para tamanha celebração, a passerelle ilumina-se novamente e começa um segundo desfile em estilo de coleção cápsula, que é como uma visita pelos arquivos Balmain da última década, pintada em tons neutros e apresentada por modelos estrela de diferentes épocas. Por Rousteing regressaram à passerelle Naomi Campbell, Natalia Vodianova, Natash Poly, Lara Stone, Carla Bruni e Milla Jovovich entre outros nomes.

Balenciaga e uma família bem amarela

Como já vem sendo habitual em Demna Gvasalia, o diretor criativo da Balenciaga surpreendeu. Juntou os elementos de um desfile, baralhou e entregou uma apresentação original. Os convidados reuniram-se no Théâtre du Châtelet para verem num ecrã gigante a nova coleção a ser desfilada numa passadeira vermelha, com as modelos a vestirem a pele de celebridades. No fim do desfile, as modelos juntaram-se ao público e ocuparam os seus lugares na sala para assistirem à maior surpresa desta apresentação: uma parceria entre os Simpsons e a Balenciaga. Num vídeo de apenas 10 minutos, Gvasalia e a sua equipa viajam até Springfield e voltam para Paris com o elenco da série de animação para protagonizarem um desfile dos looks mais populares do designer.

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