A imprensa germânica anunciou mais um atraso para a data de entrega aos clientes do Mercedes-AMG One, um dos mais exuberantes hiperdesportivos do momento, que esteve previsto para 2019, foi posteriormente atrasado para 2020, para depois deslizar para 2021 e, agora, 2022.

Mais do que rápido em aceleração e veloz, o AMG One promete ser uma referência em comportamento, sobretudo em pista, com a Mercedes a já ter dado a entender que pretende bater o recorde do Nürburgring.

A ideia de fazer um carro de série, necessariamente um hiperdesportivo, equipado com um motor de um Fórmula 1, não é propriamente uma novidade, depois de a Ferrari ter decidido conceber o F50 com um V12 derivado da unidade utilizada pela sua equipa de F1 em 1990. Mas a adaptação causa sempre sempre grandes dificuldades tecnológicas, que tendem a aumentar à medida que as unidades utilizadas em competição se tornam cada vez mais sofisticadas.

A Mercedes recorreu ao mesmo argumento da Ferrari para celebrar os recentes sete campeonatos consecutivos que conquistou da F1 (de 2014 a 2020), concebendo um coupé cuja potência deverá ultrapassar 1000 cv. Apresentado em 2017, rapidamente o construtor alemão vendeu as 275 unidades disponíveis, a 2,5 milhões de euros cada, antes de impostos.

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Mas se as vendas correram de feição, os problemas também não tardaram a surgir. Especialmente, os relativos à adaptação do V6 turbo com 1,6 litros utilizado pelos F1 da marca à regulamentação a que estão sujeitos os veículos de série, homologados para circular na via pública. O ruído terá sido um problema fácil de resolver, mas já o mesmo não aconteceu com as emissões poluentes, especialmente numa unidade que na F1 tem o ralenti às 4000 rpm, o que tem dado muito trabalho a “civilizar”.

Mercedes-AMG One já está à procura do recorde no Nürburgring

O AMG One, além do 1.6 V6 turbo, mantém os outros dois motores eléctricos da unidade de competição, o primeiro (MGU-K) acoplado à cambota com 163 cv, para reforçar a potência do motor de combustão, e um segundo accionado pelo turbocompressor para gerar energia e recarregar a bateria (o MGU-H, com 122 cv). Além destes dois motores eléctricos, o One conta ainda com mais duas unidades alimentadas pela bateria, ambas com 163 cv e instaladas no eixo dianteiro. Além de contribuírem com potência para superar os 1000 cv, garantem maior capacidade de aceleração, com a Mercedes a prever 2,5 segundos para ir de 0-100 km/h, além de atingir 350 km/h.

Estes atrasos deixam a Mercedes numa posição cada vez mais difícil. Além de alimentar rumores de que o projecto corre o risco de ser anulado, por a marca não conseguir ultrapassar tecnologicamente os problemas, o fabricante vê chegar ao mercado cada vez mais modelos deste calibre e, por vezes, até com maior potência, tanto com motores térmicos como eléctricos.