Vitor Ramalho, candidato e eleito pelo Chega para a junta de freguesia de Póvoa de São Miguel, em Moura, renunciou ao mandato após ter sido detido pela Policia Judiciária no passado sábado, por ser suspeito de ter efetuado disparos contra uma família sueca.
Na carta endereçada ao presidente da junta em causa esta segunda-feira, o autarca eleito nas últimas eleições alegou “motivos de caráter pessoal” para o pedido de renúncia.
Candidato do Chega será autor de disparos contra família sueca em Moura. Ventura condena violência
A Comissão Autárquica Nacional, tal como André Ventura já tinha dito ao Observador no dia em que a notícia foi divulgada, inicialmente pelo Diário de Notícias, reitera que o partido não pode ficar “conotado com atos de violência”, mas considera que a notícia foi “empolada” por ser um eleito do partido.
Ainda assim, e depois de uma conversa entre o autarca e o partido, o Chega considerou que “o único caminho seria a renúncia de mandato e [o candidato] não representar mais o Chega enquanto eleito”.
Vitor Ramalho foi candidato pelo Chega nas últimas autárquicas, mas era independente e, por isso, o partido não pode decidir por punição ou expulsão.
O crime em causa aconteceu a 8 de outubro e, em comunicado, a PJ diz que a agressão aconteceu na sequência de uma discussão “aparentemente determinada por ódio racial”. Ventura reagiu através de um vídeo a garantir que o partido “em nada advoga o ódio racial. O que queremos é que as minorias tenham de cumprir as mesmas regras que a maioria.”
O Diário de Notícias, que avançou a ligação do suspeito ao partido Chega, explicava que o homem é “um conhecido comerciante da região”. Segundo o comunicado da Polícia Judiciária, os tiros foram disparados contra o “veículo de passageiros, adaptado a caravana, onde seguiam” na sequência da discussão com o homem da família.
“O suspeito perseguiu a viatura onde seguiam as vítimas, executando o crime assim que se mostrou oportunidade”, explica a PJ. E, depois de ter disparado, o homem fugiu do local e ainda se “esforçou por ocultar das autoridades objetivos e veículos utilizados” que foram depois recolhidos durante o trabalho de investigação da Polícia Judiciária.
Ainda assim, o homem não foi sujeito a prisão preventiva depois de ter sido presente a juiz.