“O nosso tempo está a chegar! Temos de mostrar do que somos feitos e a Liga dos Campeões é a competição perfeita para provar isso mesmo ao mundo. Sem desculpas! Vamos!”

O Manchester United e um voo de 10 minutos que não é suficiente para aprender a defender

Na hora da verdade, Cristiano Ronaldo voltou a chegar-se à frente deixando uma mensagem motivacional para si, para a equipa e para o próprio clube. Percebe-se porquê: nos últimos cinco encontros o Manchester United tinha ganho apenas um, nos últimos sete a conta subia para dois, sempre com a particularidade de terem sido triunfos alcançados em cima do minuto 90 ou mesmo nos descontos. Se na última temporada o grande problema tinha sido a irregularidade de resultados, o início da época adensou ainda mais essa linha. Tanto que, mais uma vez, a continuidade de Ole Gunnar Solskjaer como técnico voltou a ser tema.

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Pode estar apagado, escondido e até merecer sair. Mas no fim, quando se fazem as contas, ele é sempre Ronaldo e os outros são meros mortais

Com a última derrota em Leicester, os red devils caíram para a sexta posição da Premier League, a cinco pontos do Chelsea, quatro do Liverpoo e três do Manchester City. Não é propriamente decisivo mas foi um sinal de que algo não está bem – e basta recordar que em 11 jogos oficiais a equipa só ganhou menos de metade. Também por isso, a conferência de antevisão de Solskjaer teve uma série de mensagens internas já após a reflexão do técnico após o último encontro onde pediu para que todos se olhassem ao espelho.

“Todos nós devemos fazer melhor, todos nós temos de fazer melhor. Todos os encontros que fazemos na Premier League e na Champions são jogos grandes, todos. O Leicester foi um jogo grande assim como será o jogo com a Atalanta. A natureza do futebol é responder às contrariedades. Todas as equipas têm fases menos conseguidas, nós estamos a atravessar uma delas. Agora, temos de dar as mãos e trabalhar juntos para melhorarmos. Espero que essa reação possa aparecer já no próximo jogo”, referira antes da receção ao conjunto transalpino, uma das grandes revelações na Champions nas últimas duas épocas.

Com três alterações em relação à equipa que perdeu em Leicester, colocando Fred e McTominay no meio em vez de Matic e Pogba e lançando Rashford em vez de Jadon Sancho na esquerda do ataque, até foram os visitados a criarem a primeira oportunidade flagrante com Rashford a atirar sozinho ao lado da baliza de Juan Musso (3′) mas a Atalanta chegou de forma quase natural à vantagem numa saída desenhada a régua e esquadro que começou na exploração da profundidade com Muriel, teve depois uma boa subida pela direita de Zappacosta e acabou com o toque final na pequena área de Pasalic (15′). Fred ainda obrigou pouco depois Musso a defesa vistosa para canto após cruzamento de Ronaldo (20′) mas a equipa transalpina ia ficando mais confortável na partida olhando sempre para as transições ofensivas.

Até mesmo quando havia um pouco mais de espaço por erros posicionais dos médios italianos algo não corria bem. O passe não entrava, a bola ficava curta, o remate travava prensado, o cruzamento ia muito longo. E foi entre essa conduta errática em posse (e perdida sem bola) que a Atalanta aproveitou um canto para aumentar a vantagem por Demiral, central turco que passou pelo Sporting B antes de chegar a Itália onde esteve na Juventus e que neste lance se antecipou a Maguire para o 2-0 (29′). Ronaldo mostrava todo o seu desagrado, ouviam-se assobios das bancadas mas só mesmo em cima do intervalo houve uma reação dos ingleses, com Bruno Fernandes a assistir Fred para o remate do brasileiro ao lado (44′) e Rashford a aparecer sozinho na área descaído na direita a fazer a bola tocar ainda na trave (45+1′).

Solskjaer acreditou ao intervalo que o problema não estava nos jogadores mas sim nas correções que podia fazer em posicionamentos e na própria atitude da equipa. E por pouco não viu Ronaldo dar-lhe razão, num lance em que apareceu sozinho na área desmarcado por Bruno Fernandes mas a atirar para defesa de Juan Musso (48′). Estava dado o mote para a haver uma verdadeira reação dos ingleses, que reduziram pouco depois por Rashford após um fantástico passe de Bruno Fernandes a isolar o avançado (52′) e ficaram muito perto do empate com McTominay a acertar no poste após centro de Greenwood (58′).

Ronaldo, que se isolava como o jogador com mais encontros na Champions (e golos) e fazia o jogo 300 pelo Manchester United, continuava à procura do golo evitado mais uma vez por Musso aos 63′ mas a partida tinha começado a mudar pela forma como a Atalanta voltava a esticar jogo à área de De Gea, obrigado a duas defesas apertadas. Grande jogo em Old Trafford, ainda mais eletrizante depois do 2-2 de Maguire na sequência de mais um passe de Bruno Fernandes com ameaça de toque de Cavani pelo meio (75′). O jogo não ia mesmo ficar por aí e apareceu o suspeito do costume a fazer a reviravolta: na sequência de um cruzamento de Luke Shaw, Ronaldo apareceu no meio dos centrais e cabeceou para o 3-2 (81′).