O secretário de Estado Adjunto e da Saúde afirmou esta terça-feira perante bastonários das ordens profissionais que escreveram uma carta sobre as carências do setor da saúde que o interesse público é superior a “estados de almas” e “vaidades”.
Na sua intervenção na IV Conferência “Recuperar a Saúde, Já!” da Convenção Nacional da Saúde, que está a decorrer em Lisboa, António Lacerda Sales recordou o que foi feito para reforçar o Serviço Nacional de Saúde e recuperar a atividade assistencial.
“Não conseguimos tudo garantidamente, mas conseguimos, por exemplo, mais 29.000 profissionais [desde 2015] (…) eu diria que enquanto houver estrada para andar podem querer que vamos continuar a caminhar como diz a canção do autor Jorge Palma”, disse.
Dirigindo-se aos bastonários presentes na plateia, o governante afirmou que leu o artigo que escreveram a defender a urgência de um levantamento rigoroso dos atrasos e das carências no setor para traçar um plano de recuperação imediata da assistência aos portugueses.
Bastonários exigem levantamento urgente e rigoroso de atrasos e carências na Saúde
No artigo, publicado no jornal Público, os bastonários das ordens dos nutricionistas, farmacêuticos, psicólogos, biólogos, médicos e dentistas dizem-se “exaustos após quase dois anos de luta contra a pandemia da Covid-19, inquietos com o atraso acumulado na resposta às demais patologias e preocupados com a ausência de uma estratégia robusta e coerente que permita enfrentar os problemas e os défices crónicos do sistema de saúde”.
“Li a vossa carta senhores bastonários e deixem que vos diga que a vossa inquietação é a nossa inquietação”, afirmou Lacerda Sales.
Por isso, sustentou: “Esperamos nós e, sobretudo, espera o país, e esperam os cidadãos que possamos também continuar a contar com todos vós, ordens profissionais, associações de doentes, todos somos poucos para este desígnio”.
“O interesse público é garantidamente superior a estados de almas, a vaidades”, disse António Lacerda Sales.
Avançando com números da atividade assistencial nos primeiros oito meses do ano disse que até agosto, já foram realizadas mais de 460 mil cirurgias, um acréscimo de 30,1% relativamente ao período homólogo de 2020 e de 1,2% face a 2019, ano pré-pandémico.
Foram também realizadas neste período quatro milhões de consultas médicas nos cuidados de saúde primários, mais 14,5% do que em 2019 e 8,1 milhões de consultas hospitalares, mais 25 mil do que em igual período de 2019.
Relativamente às primeiras conclusões da Convenção Nacional da Saúde que apontavam para uma agenda para a década, o secretário de Estado afirmou que ainda vão a “meio do caminho” e com uma pandemia pelo meio.
“Não podemos, no entanto, desviar-nos das nossas metas e não podemos deixar-nos fraquejar por não estarmos ainda no lugar onde verdadeiramente gostaríamos”, sublinhou.
“Da parte do Ministério da Saúde, que tantas vezes foi o ministério da pandemia, mas nunca deixou de ser o Ministério da Saúde, podem continuar a contar connosco, com a nossa energia, com a nossa força, com a nossa motivação, com a nossa capacidade para o diálogo”, adiantou.
A Convenção Nacional de Saúde, que reúne mais de 150 instituições públicas, privadas e sociais, pretende com esta conferência criar “um momento de reflexão sobre o impacto da pandemia Covid-19 na atividade assistencial da Saúde em Portugal” e “apontar caminhos para o presente e futuro da Saúde ao serviço dos cidadãos”.