O Parlamento Europeu (PE) formalizou esta sexta-feira, junto do Tribunal de Justiça da UE, uma ação contra a Comissão Europeia por esta instituição não ter acionado o mecanismo que condiciona o acesso a fundos ao respeito pelo Estado de direito.

“Tal como solicitado nas resoluções parlamentares, o nosso serviço jurídico interpôs esta sexta-feira uma ação no Tribunal de Justiça contra a Comissão Europeia por não aplicação do regulamento sobre a condicionalidade”, anunciou o presidente do Parlamento, David Sassoli, em comunicado.

Sassoli disse ainda esperar “que a Comissão Europeia aja de forma coerente e esteja à altura do que a presidente [Ursula von der Leyen] afirmou” durante a última discussão plenária sobre o Estado de direito, sublinhando que “as palavras têm de ser transformadas em atos”.

O presidente do Parlamento aludia à intervenção da presidente do executivo comunitário em 19 de outubro, num debate sobre o controverso acórdão do Tribunal Constitucional polaco que coloca em causa o primado do direito comunitário, no qual Von der Leyen garantiu que “a Comissão atuará”, pois não deixará que os valores da UE sejam postos em causa.

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De acordo com os eurodeputados, a Comissão já deveria ter acionado o regulamento adotado em dezembro de 2020, e em vigor desde o início do corrente ano, que prevê a suspensão de pagamentos aos Estados-membros em caso de suspeitas de desrespeito do Estado de direito ou de violação dos valores europeus.

Na semana passada, a assembleia já anunciara que estava em marcha a preparação de uma ação judicial contra a Comissão Europeia pela não aplicação do regulamento sobre condicionalidade.

A Comissão tem argumentado que esse mecanismo de condicionalidade só deve ser ativado depois de o Tribunal de Justiça se pronunciar sobre o recurso interposto em março passado por dois Estados-membros, Polónia e Hungria, posição que tem sido também defendida por países como Portugal.

Em dezembro passado, por ocasião de duras negociações em Bruxelas em torno o Fundo de Recuperação e do orçamento plurianual da União para 2021-2027, Varsóvia e Budapeste aceitaram levantar o veto que acenavam a um acordo e concordaram com o mecanismo que condiciona o acesso aos fundos europeus ao respeito pelas regras do Estado de direito, mas só depois de o Conselho Europeu aceitar que o mecanismo não deveria ser implementado antes de o Tribunal de Justiça se pronunciar em caso de recurso de anulação por parte de um Estado-membro, e interpuseram recursos a contestar a legalidade do regulamento.