O Conselho da Europa, em parceira com a União Europeia, difundiu uma imagem pertencente a uma campanha institucional que defendia o uso do lenço islâmico: “A beleza está na diversidade, como a liberdade está no hijab“. Foi depois retirada das redes sociais para “repensar o projeto”, tendo causado uma forte polémica em França, motivando reações do governo e de vários políticos como Marine Le Pen ou Éric Zemmour.
Tendo como objetivo a luta contra a islamofobia, o Conselho da Europa decidiu publicar esta imagem para “refletir as perceções pessoais” de alguns indivíduos que participaram em dois workshops organizados em parceria com a Femyso, um fórum que agrega várias organizações de jovens muçulmanos na Europa.
La vidéo en question pic.twitter.com/5KLNiUAuTv
— Taha Bouhafs (@T_Bouhafs) November 2, 2021
Em França, país que aboliu recentemente o uso de hijab nos espaços públicos em raparigas com menos de 18 anos, esta campanha institucional esteve debaixo de fogo. A secretária de Estado para a juventude do governo francês, Sarah El Haïry, ficou “chocada” pela imagem, de acordo com a BBC, alegando que incentivava o uso do lenço islâmico, o que colidia com os valores seculares gauleses.
Por seu turno, Marine Le Pen, candidata às próximas eleições presidenciais, considerou que esta campanha é “escandalosa e indecente”, uma vez que “milhões de mulheres lutam com coragem” contra aquilo que diz ser uma forma de “escravidão”. “É quando as mulheres retiram o véu que elas se tornam livres”, escreveu na sua conta pessoal do Twitter.
Cette communication européenne en faveur du voile islamiste est scandaleuse et indécente alors que des millions de femmes se battent avec courage contre cet asservissement, y compris en France.
C’est quand les femmes retirent le voile qu’elles deviennent libres pas l’inverse ! https://t.co/Zvn1Z6GENC
— Marine Le Pen (@MLP_officiel) November 2, 2021
Também Eric Zemmour, candidato de extrema-direita que partilha o mesmo espetro político que Marine Le Pen, escreveu no Twitter que o uso de hijab estava a ser “financiado” pelos impostos dos europeus. E sinalizou: “O Islão é o inimigo da liberdade. Esta campanha é inimiga da verdade”.
L'islam est l'ennemi de la liberté. Cette campagne est l'ennemie de la vérité. Elle promeut le voilement des européennes. C'est du djihad publicitaire financé par vos impôts. https://t.co/s2aMGK6uga
— Eric Zemmour (@ZemmourEric) November 2, 2021
Por sua vez, a presidente da Femyso, Hande Taner, defendeu à BBC a campanha, referindo que os “esforços da minoria jovem” muçulmana estão a ser “atacados e minados” pelos políticos. Sublinhou ainda que a reação é “outro exemplo” de que “os direitos das muçulmanas são não-existentes” e que não são apoiados por aqueles que “dizem representar ou proteger noções como liberdade, igualdade e fraternidade”.