A Rússia destruiu esta segunda-feira um dos seus próprios satélites com um míssil terrestre, avança o Departamento de Estado dos Estados Unidos da América. Tratou-se de um teste anti-satélite (ASAT) da Rússia e Ned Price, porta-voz do respetivo departamento, caraterizou-o como “perigoso, imprudente e irresponsável”. Garantiu ainda, em conferência de imprensa, que os EUA não vão “tolerar este tipo de comportamento”.

O ASAT criou milhares de destroços que estão espalhados pela órbita da Terra. Até agora, os EUA conseguiram identificar cerca de 1.500 fragmentos, sendo que há muitos outros impossíveis de serem localizados e rastreados.

O comportamento perigoso e irresponsável da Rússia põe em risco a sustentabilidade a longo prazo do nosso espaço e demonstra claramente que as alegações da Rússia de se opor ao armamento do espaço são falsas e hipócritas, reiterou Ned Price.

A empresa privada espacial LeoLabs confirmou no Twitter que observou vários destroços no local de um antigo satélite russo chamado Kosmos 1408, o alvo do teste ASAT.

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Os militares russos admitiram que destruíram o satélite durante um teste, adianta a Agence France-Press. Mas, anteriormente, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, tinha negado as acusações dos Estados Unidos.

A notícia surgiu após a agência espacial russa Roscosmos relatar que os astronautas que vivem a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) tiveram que se abrigar no respetivo local na manhã de segunda-feira devido a uma nuvem de detritos espaciais.

Só no final do dia, o administrador da NASA Bill Nelson confirmou que se tratava de um ASAT da Rússia. “Estou indignado com esta ação irresponsável e desestabilizadora”, mencionou Bill Nelson, em comunicado. Com este ataque, prossegue o administrador, a Rússia colocou em perigo não só os astronautas americanos e parceiros internacionais da ISS, mas também os astronautas russos. Atualmente, sete pessoas vivem na ISS, duas das quais são russas.

Os testes ASAT prestam-se a leituras políticas, uma vez que se considera serem uma forma de um país mostrar a sua capacidade de destruir satélites. São, por isso, motivo de preocupação para a indústria espacial, dada a propensão para a criação de campos de fragmentos de satélites, que podem espalhar-se por quilómetros e podem permanecer em órbita durante anos, ameaçando outros satélites.