O PS/Madeira criticou esta sexta-feira o “discurso incoerente” do presidente do Governo Regional quando anunciou as novas medidas de combate à Covid-19, considerando que contrariou as declarações que proferiu esta semana sobre a situação estar controlada na região.

“O anúncio das novas medidas de prevenção e controlo da pandemia na Madeira, feito pelo presidente do Governo Regional, revela uma incoerência discursiva de Miguel Albuquerque que urge clarificar“, afirma o líder parlamentar socialista do arquipélago.

Citado num comunicado divulgado na região, Rui Caetano considera que o conjunto de medidas avançadas pelo chefe do executivo madeirense de coligação PSD/CDS “revela, no mínimo, uma contrariedade relativamente àquilo que foi defendido pelo próprio presidente do Governo há apenas três dias“.

Como é que Miguel Albuquerque veio a público ainda esta semana dizer que a situação pandémica na região estava controlada e, ontem [quinta-feira] mesmo, sentiu necessidade de tomar medidas tão restritivas?”, questiona o líder parlamentar socialista insular.

Para o responsável da bancada do maior partido da oposição na Assembleia Legislativa da Madeira [ocupa 19 dos 47 lugares no hemiciclo], “algo não bate certo” e Miguel Albuquerque “deve uma verdadeira explicação aos madeirenses” sobre esta posição “tomada em cima do joelho”.

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No seu entender, “a prova de tamanha incoerência de Miguel Albuquerque e do deambular de medidas que causam sobressalto na população” está na divulgação do esclarecimento difundido esta sexta-feira para esclarecer alguns aspetos.

A presidência do executivo madeirense emitiu um comunicado explicitando que o uso cumulativo de certificado de vacina e teste antigénio tem um prazo de transição até às 00h00 de 27 de novembro.

Não-vacinados não podem ir a cabeleireiros, restaurantes ou eventos culturais na Madeira. Tudo o que muda

Mas, acrescenta Rui Caetano, embora tenha “sido preciso no dia seguinte fazer um segundo comunicado para esclarecer o primeiro” ainda não ficaram “completamente clarificadas as questões de fundo”.

O deputado socialista aponta ser “igualmente preocupante o autoritarismo e a agressividade com que Miguel Albuquerque se dirigiu à população da região”.

Para o parlamentar do PS regional, esta “não merece este tipo de tratamento, quando, maioritariamente, é cumpridora das regras sanitárias e aderiu de forma significativa à vacinação”.

Perante as medidas anunciadas, o PS-Madeira entende que “urge o Governo Regional esclarecer a forma como este processo será operacionalizado, pois são evidentes as dúvidas e a preocupação que esta situação está a gerar na população e na opinião pública”.

O impacto destas determinações no tecido empresarial da região, já de si fragilizado pela conjuntura pandémica, é outra questão que deve ser merecedora de atenção”, apontou.

Rui Caetano diz ser “fundamental o Governo Regional fazer acompanhar estas orientações do devido apoio às empresas, assegurando também por essa via a salvaguarda de postos de trabalho e evitando consequências ainda maiores”.

O Governo da Madeira anunciou na quinta-feira a obrigatoriedade de apresentação de certificado cumulativo de vacina e teste antigénio em setores ligados ao desporto, restaurantes, cabeleireiros, ginásios, bares e discotecas, eventos culturais, cinemas, atividades noturnas, jogos, casinos e outras atividades sociais similares.

A apresentação de um dos comprovativos nos supermercados e mercearias, transportes públicos, farmácias e clínicas, igrejas e locais de culto, atos urgentes relativos à Justiça e outros serviços essenciais e o regresso da obrigatoriedade de uso de máscara nos espaços abertos e fechados foram outras das medidas determinadas pelo Conselho do Governo Regional que vão constar da resolução que será hoje publicada no jornal oficial da Madeira.

No âmbito das novas medidas de contenção da Covid-19, o Governo da Madeira decidiu ainda alterar a situação de calamidade para situação de contingência.

Apesar da elevada taxa de vacinação, a Madeira tem registado nas últimas semanas uma média diária superior a 50 novos casos de infeção e também um aumento do número de mortos associados à doença, que é atualmente de 84 óbitos.

As autoridades de saúde da Madeira sinalizaram na quinta-feira mais 52 casos de Covid-19 e uma morte. Há ainda a assinalar 43 pessoas hospitalizadas, sete das quais em cuidados intensivo.