“A vacinação das crianças seguramente que é uma prioridade”, disse Henrique Barros, investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto. “Como é uma prioridade reforçar a vacinação nas pessoas à medida que o tempo vai passando“, acrescentou. Henrique Barros disse-o na parte aberta ao público da reunião do Infarmed, esta sexta-feira, e reforçou-o à porta fechada perante os líderes políticos e conselheiros de Estado.

Vacinar crianças e uma mutação mais contagiosa a crescer. O que foi dito à porta fechada

A segunda medida já está prevista para maiores de 65 anos e homens que tomaram a vacina da Janssen, mas ainda não foi alargada a outros grupos (como os maiores de 40 anos no Reino Unido ou todos os adultos nos Estados Unidos).

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Já a vacinação das crianças, nomeadamente menores de 12 anos, ainda não está prevista em Portugal e o investigador, apesar de a considerar uma medida importante, acrescentou que deve ser feita “quando as vacinas estiverem inequivocamente aprovadas no nosso espaço geográfico e social”.

Da mesma forma, Henrique Barros defendeu que, a par da vacinação, se devem “manter as medidas não-farmacológicas individuais se queremos acompanhar ainda melhor a proteção que a vacina nos dá”.

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O investigador suporta a sugestão de vacinação das crianças comparando o dia 15 de novembro de 2021 (o último que conseguiu analisar) com o de 2020. É claro que em 2021 a incidência de casos é muito menor em todas as faixas etárias. Mas se, em 2020, as crianças eram as que apresentavam menos casos de infeção, agora, o grupo etário com mais casos é o do cinco aos 10 anos — que, ao contrário dos mais velhos, não estão vacinados.

Henrique Barros usa ainda outro exemplo, a taxa de crescimento (como os casos sobem e descem a cada momento): “No início não havia grande dissociação da frequência do crescimento pelas idades, mas aconteceu ao longo do tempo, como resposta às medidas de controlo. Neste momento, é muito interessante ver que o crescimento mais alto está, de facto, nesse grupo abaixo dos 10 anos de idade”.

É lícito dizer que a vacinação é a uma medida fundamental de proteção”, afirmou Henrique Barros.

Estados Unidos vacinam crianças a partir dos 5 anos

A vacinação de crianças com cinco anos ou mais passou a ser recomendada pelos Centros de Controlo e Prevenção da Doença norte-americanos (CDC) a partir do início de novembro. Para as crianças com cinco anos e até aos 11, é recomendada apenas a vacina da Pfizer/BioNTech (autorizada pelo regulador do medicamento, FDA, a 29 de outubro). A partir dos 12 anos, as crianças podem tomar as mesmas vacinas dos adultos — Pfizer/BioNTech, Moderna e Janssen.

A Agência Europeia do Medicamento (EMA) começou a avaliar a administração da vacina da Pfizer/BioNTech em crianças dos cinco aos 11 anos a 18 de outubro e poderá anunciar as conclusões na próxima quarta-feira, noticiou a Reuters.

A 10 de novembro, a EMA iniciou também a avaliação da administração da vacina da Moderna em crianças dos seis aos 11 anos — numa dose que é metade daquela usada nos adultos — e poderá ter o processo concluído no prazo de dois meses.

As crianças podem ser infetadas, tal como os adultos, embora seja raro terem doença severa. Ainda assim, podem ficar doentes, ter complicações de longo prazo e passar a infeção a outros, incluindo o membros do agregado familiar, pessoas vulneráveis e pessoas que não podem ser vacinadas, justifica o CDC.