Jerome (“Jay”) Powell foi reconduzido para um segundo mandato à frente da Reserva Federal, o banco central mais poderoso do mundo, anunciou a Casa Branca esta segunda-feira, após longas semanas de antecipação. Não se confirmaram, assim, as expectativas de que Joe Biden optasse por Lael Brainard, que chegou a ser entrevistada para o principal cargo mas vai ficar como vice-presidente.
A opção de Biden pela continuidade surge numa altura em que a Reserva Federal já está a fazer a redução gradual dos estímulos monetários e se debate, sobretudo, quando é que o banco central irá subir as taxas de juro pela primeira vez desde que as baixou para zero em resposta à pandemia. Isto numa altura em que a taxa de inflação está acima de 6% nos EUA, três vezes mais do que o objetivo.
A recondução de Powell, que nos últimos meses esteve envolto em alguma controvérsia pelo facto de alguns dos responsáveis da Reserva Federal terem feitos transações bolsistas controversas, foi confirmada em nota emitida pela Casa Branca. Nesse comunicado, Joe Biden diz que “embora ainda haja muito trabalho por fazer, fizemos progressos assinaláveis nos últimos 10 meses, para colocar os norte-americanos novamente a trabalhar e a nossa economia a crescer, novamente”.
Nesse processo, lê-se no comunicado, Biden elogia a “ação determinada” que Powell e a nova vice-presidente (Lael Brainard) têm tido para “ajudar-nos a conduzir a economia através da maior recessão na História moderna e recolocar-nos no caminho da recuperação”.
Como já disse no passado, não podemos simplesmente voltar para onde estávamos antes da pandemia, precisamos de reconstruir melhor a nossa economia e estou confiante de que o presidente Powell e a Dra. Brainard, com o seu enfoque em manter a inflação baixa, os preços estáveis e levar ao máximo emprego, vão tornar a nossa economia mais forte do que alguma vez foi”.
Biden refere também, no comunicado, que ambos os responsáveis – Powell e Brainard – partilham a ideia de que é preciso uma “atuação urgente” para contrariar os riscos económicos associados às alterações climáticas e sabem o que fazer para se “manterem um passo à frente dos riscos emergentes no nosso sistema financeiro”.
Dada a sua longa experiência académica relacionada com o impacto das alterações climáticas nas economias, o quadrante político mais à esquerda no partido democrata – como a senadora Elizabeth Warren – preferiam o nome de Lael Brainard. Mas, salientam economistas do ING em nota de reação, Jay Powell (nomeado no tempo de Trump) oferece maiores garantias de que o nome poderá passar sem “atritos” na Câmara de Representantes.
“Biden certamente não quereria mais uma batalha, cheia de atritos, que o distraia de aprovar a sua agenda económica – já que o nome do presidente da Reserva Federal tem sempre de ser aprovado pelo Congresso”, que inclui a Câmara de Representantes e o Senado, afirma o ING. Por outro lado, figuras como Elizabeth Warren – que chamou a Powell um “homem perigoso” – poderão ficar mais “incomodados” com esta escolha, diz o ING.