Em ano de pandemia, a gestão da diabetes em Portugal foi “largamente afetada”. A mortalidade da doença, enquanto diagnóstico principal, subiu 24,9% face a 2019, houve um decréscimo de 15% “no número de doentes com diabetes, quer em internamento, quer em hospital de dia e outras formas de tratamento ambulatório” e também se registou um aumento de 2% nas amputações.

De acordo com um estudo da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) em colaboração com a Novo Nordisk com o apoio da MOAI Consulting e da consultora IASIST, existiu “uma potencial limitação na capacidade de vigilância e monitorização ativa” por parte do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o que resultou “num decréscimo de 23% nos valores de incidência (novos casos) da diabetes”.

Em termos hospitalares, houve uma redução geral no que diz respeito à vigilância e aos rastreios da diabetes: “Na globalidade, a proporção de pessoas com diabetes com registo de acompanhamento adequado sofreu um decréscimo de 56% no primeiro ano de pandemia, face a 2019″.

Na origem destes problemas, estiveram uma “súbita falha na resposta dos serviços de saúde” e a “alocação exaustiva de recursos humanos e técnicos para responder à Covid-19”, o que “comprometeu a dinâmica assistencial em vários domínios relevantes para a prevenção de complicações da diabetes”. Tudo isto teve “repercussões negativas” nos diabéticos, provocando “descompensações” — uma delas foi a “letalidade francamente superior” e também o aumento dos tempo de espera.

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“Os dados deste estudo confirmam que os doentes com diabetes foram largamente afetados com as consequências da pandemia na redução da atividade hospitalar em 2020″, diz Manuel Delgado, consultor da IASIST, que também destaca a importância de “avaliar prospectivamente todos os doentes com diabetes seguidos nos hospitais, sobretudo com formas mais severas da doença”.

Adicionalmente, a “complexidade” em diagnosticar a diabetes levou a um aumento dos custos médios por doente tratado. Em 2019, esse valor situava-se nos 2.900 euros, enquanto em 2020 era já de 3.330 euros. “Quando comparado com um ‘doente padrão’ com alta hospitalar nos hospitais do SNS em 2020, os doentes com diagnóstico principal de diabetes apresentaram um custo médio de recursos 30% superior.”

Para Joana da Costa, responsável da MOAI Consulting, a diabetes “representa atualmente, no nosso país, um encargo na ordem dos 1,5 mil milhões de euros”. “Estes números refletem a necessidade de trabalhar na prevenção da diabetes tipo II e diminuir a prevalência desta doença em Portugal”, conclui.