Carlos Moedas optou por não aparecer em comícios, mas a três dias das eleições diretas convidou Paulo Rangel para um almoço no restaurante no Terreiro do Paço, em Lisboa. Este é mais um sinal do presidente da Câmara de Lisboa no seu posicionamento relativamente às diretas do PSD, depois de esta manhã ter confessado na Rádio Observador que já sabe em quem vai votar e ter afirmado que tem “uma amizade de muitos anos com Paulo Rangel” e que tem “esperança num PSD mais dinâmico, que seja uma verdadeira alternativa ao PS“.
Contactada pelo Observador, fonte próxima do antigo comissário confirmou que “Carlos Moedas convidou o Paulo Rangel para almoçar para lhe dar um abraço nesta reta final da campanha interna do PSD.” A mesma fonte destaca que “a posição de Carlos Moedas enquanto militante do PSD é a de que o partido precisa de se afirmar como uma verdadeira alternativa ao PS.” Moedas está assim alinhado com Rangel. O almoço decorreu entre a 13h00 e as 14h00 desta quarta-feira e foi registado em imagens pelo Observador.
Paulo Rangel teve na terça-feira à noite um grande evento com a distrital de Lisboa, em que contou com a presença de autarcas do concelho, como o presidente da junta de freguesia da Estrela e líder concelhio, Luís Newton, e o vereador de Carlos Moedas e líder distrital de Lisboa, Ângelo Pereira. Moedas não esteve presente nesse evento, mas teve agora este almoço simbólico no restaurante Museu da Cerveja.
Moedas lembra “amizade muito grande com Paulo Rangel”
Horas antes do almoço, numa entrevista no dia da inauguração dos novos estúdios da Rádio Observador, Carlos Moedas explicou que optou por não prestar um apoio público formal a nenhum dos candidatos, porque entende não dever fazê-lo “como presidente da câmara”. O antigo comissário europeu revelou, no entanto, que “como social-democrata” sabe já em quem vai votar: “São umas eleições muito importantes para o meu partido”.
As palavras do autarca lisboeta sugerem que estará mais inclinado para Rangel, mesmo sem o dizer diretamente. Moedas diz que tem “uma amizade muito grande com Paulo Rangel de há muitos anos”, mas desvaloriza o peso do atual líder na sua vitória em Lisboa e nega ter um dever especial de lealdade: “Rui Rio foi quem me escolheu, mas essa escolha também é minha porque fui eu que aceitei.”
Noutros dois assuntos, Carlos Moedas alinha com Paulo Rangel. Rui Rio diz que a disputa interna do PSD ajudou a quebrar o efeito do bom resultado das autárquicas, mas o presidente da Câmara de Lisboa discorda e sugere que o partido tem vivido uma certa apatia: “Penso que não [afetou a esperança conseguida com as autárquicas]. Há realmente uma esperança num PSD mais dinâmico, num PSD, de certa forma, como uma alternativa verdadeira PS.” Deve ser uma verdadeira alternativa ao PS? “Com certeza, não tenho dúvidas“.
Carlos Moedas acredita que “até sábado vai haver uma luta muito digna entre estes dois candidatos”, que são os dois “muito bons” e “merecem estar onde estão”. Diz que, apesar de outros autarcas do PSD terem declarado o apoio público, ele é diferente: “Sou o Carlos Moedas e tenho a minha maneira de funcionar. As coisas que se passam no PSD não tenho tempo sequer para as acompanhar, estou focalizado nos lisboetas”.