A Alemanha vai mesmo apertar as restrições impostas a quem não levou a vacina contra a Covid-19, com um conjunto de medidas que o ministro da Saúde alemão resume como “praticamente um confinamento para os não vacinados“. Além disso, o país vai tornar a vacinação obrigatória a partir de fevereiro, caso o parlamento aprove a medida, anunciou esta quinta-feira, ao início da tarde, Angela Merkel.
“A situação no nosso país é grave”, disse a chanceler alemã, classificando as novas medidas como um “ato de solidariedade nacional”.
Para os não vacinados serão impostas restrições mais duras, nomeadamente a proibição de entrar em lojas não essenciais, restaurantes e teatros (só podem entrar vacinados e recuperados). As restrições não se aplicam a serviços essenciais como supermercados ou farmácias, nem as crianças e adolescentes (que passarão a utilizar máscara na escola). Além disso, as discotecas vão encerrar quando o número de infeções ultrapassar um certo patamar, escreve o The Guardian.
Nos estádios, as autoridades alemãs acordaram reduzir a lotação máxima dos recintos desportivos ao ar livre para 15.000 pessoas, embora alguns estados germânicos mantenham a intenção de ter estádios vazios.
Perante as novas medidas, o Borussia Dortmund, cujo estádio tem capacidade para 81.000 pessoas, já anunciou que vai reembolsar os adeptos que compraram bilhete para a partida de sábado, com o Bayern Munique, e irá emitir novos ingressos.
O estado da Saxónia, que tem o maior índice de infeção com o novo coronavírus na Alemanha, vedou por completo o acesso dos espetadores aos estádios, algo que a Baviera também planeia seguir.
Uma das medidas mais drásticas é a vacinação obrigatória, que ainda terá de ser aprovada no parlamento (o Bundestag), mas, se receber luz verde, entra em vigor em fevereiro. Olaf Scholz, sucessor de Angela Merkel, acredita que a medida vai passar. Aliás, basta olhar para a coligação de forças: Scholz vai liderar um Governo de coligação que inclui os social-democratas SPD, os liberais FDP e os Verdes, que, em conjunto, podem fazer aprovar a proposta. A lotação dos jogos de futebol e de outros eventos também será limitada.
Além disso, também haverá restrições para deixar entrar pessoas em sua casa. Os não vacinados apenas vão poder receber duas pessoas fora do seu agregado familiar na sua residência habitual.
Esta quinta-feira de manhã, a Bloomberg tinha avançado que a ainda chanceler alemã, Angela Merkel, ia reunir-se com os governadores dos 16 estados regionais e o seu sucessor para chegar a um acordo sobre as novas restrições. Segundo um rascunho de acordo preparado pelo gabinete de Merkel, citado então pela Bloomberg, as medidas em cima da mesa passavam por apertar restrições aos não vacinados. Além disso, o mesmo documento apontava para o encerramento de discotecas nalguns locais, consoante o número de infeções.
O ministro da Saúde cessante, Jens Spahn, resumiu, esta quinta-feira, antes da reunião, que as novas medidas significavam “praticamente um confinamento para os não vacinados”. “Os mais de 12 milhões de adultos que não estão vacinadas são quem está a criar um desafio para o sistema de saúde”, criticou. Um aperto das restrições para os não vacinados também já tinham sido defendidas pelo próximo vice-chanceler alemão, Robert Habeck.
Artigo corrigido às 15h00 com a informação de que a obrigatoriedade da vacinação ainda tem de ser aprovada pelo parlamento (Bundestag)