O PCP defendeu esta quinta-feira a necessidade de uma “viragem na política ambiental” numa nota em que critica “a insuficiência de objectivos e de decisões adoptadas” na conferência do clima de Glasgow, face à dimensão dos problemas.

“Os problemas ambientais não se resolverão com oportunidades de negócio,financeirização da natureza e lavagem verde”, advertem os comunistas.

Para o PCP, é preciso desenvolver “uma política ambiental visando a preservação do equilíbrio da Natureza e dos seus sistemas ecológicos, que respeite o princípio da precaução face a novas ameaças e problemas, contribuindo para prevenir os efeitos das alterações climáticas e a adaptação aos que são inevitáveis, e que garanta a democratização do acesso e usufruto da Natureza, combatendo a mercantilização do ambiente e a sua instrumentalização ideológica“.

À margem da COP, segundo o partido liderado por Jerónimo de Sousa, “ficou a discussão que importa fazer, sobre a urgência de uma mudança de políticas que não se esgota na dimensão ambiental, sendo indissociável de uma mudança que se estenda às esferas social, económica e inclua o reconhecimento do direito dos povos ao desenvolvimento”.

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O PCP aponta vários caminhos, designadamente “a adopção de uma abordagem normativa à redução de emissões, por oposição à abordagem de mercado, a valorização da produção e consumo locais, que encurte e racionalize as cadeias deprodução e distribuição, reconhecendo a cada país e a cada povo o seu direito a produzir e à soberania em domínios essenciais, como o alimentar, a regulação justa do comércio internacional, que contrarie a desregulação e liberalização vigentes e reverta os seus significativos impactos ambientais, económicos e sociais, e a promoção de políticas de mobilidade sustentáveis, que ponham em causa o paradigma do transporte individual e atribuam centralidade ao transporte público”.

A necessidade de “recuperação do controlo público de sectores estratégicos, como o sector da água, o energético, como garantia de que os processos de transição energética e tecnológica são desamarrados dos interesses do grande capital e conduzidos sob os interesses das populações e de cada país, o desenvolvimento de políticas de combate à obsolescência programada, o investimento na investigação científica, a luta contra a guerra, o militarismo e a indústria do armamento, que são dos fenómenos mais poluentes a nível mundial”, são outras das ideias lançadas pelos comunistas.

Não se pode apagar a responsabilidade histórica dos países industrializados nas emissões. Na COP26 mais uma vez se manifestaram as profundas contradições que resultam do desenvolvimento desigual do capitalismo, com tentativas de condicionamento e responsabilização dos “países emergentes” e dos “países em desenvolvimento”, por parte dos “países industrializados”, refere ainda o PCP, concluindo que. “alguns dos países que mais contribuem e contribuíram para a acumulação de GEE na atmosfera e que são, ainda hoje, os principais emissores em termos per capita, querem pagar a mesma factura que os chamados países em desenvolvimento”.