Boris Johnson ainda tentou evitar, garantido repetidamente que as regras relativas à Covid-19 tinham sido cumpridas, mas quase um ano depois de uma festa de Natal na residência oficial do primeiro-ministro britânico, em Downing Street, Allegra Straton — assessora de Boris Johnson — demitiu-se. Pressionado, Boris foi ao Parlamento pedir “desculpas sem reservas” ao país.

O caso foi divulgado pelo The Mirror, tendo vindo depois a público um vídeo onde Straton gracejava e ria quando questionada sobre a realização da festa de Natal que mais tarde viria a negar ter existido.

No vídeo interno, que foi gravado dias depois da festa de há sensivelmente um ano, era possível ver a então porta-voz do governo inglês Allegra Stratton, o assessor Ed Oldfield e outro colaborador do governo a brincar com a “festa imaginária”, enquanto se preparavam para uma conferência de imprensa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Esta festa imaginária foi uma reunião de trabalho e não teve distanciamento social”, graceja, enquanto vai rindo e outro assessor diz que “não foi uma festa, foi vinho e queijo”.

O caso gerou polémica no Reino Unido e levou a uma pressão sobre o primeiro-ministro para que tomasse uma posição sobre o assunto. Esta quarta-feira, já depois de Boris Johnson ter pedido “desculpas sem reservas” no Parlamento inglês, Allegra Stratton acabaria por apresentar a sua demissão, com uma breve comunicação à imprensa, visivelmente perturbada.

“Vou arrepender-me desses comentários para o resto da minha vida”, diz Stratton no momento em que comunica a sua demissão. “Nunca foi minha intenção quebrar essas regras a que as pessoas tudo faziam por obedecer. Vou arrepender-me desses comentários para o resto da minha vida. As minhas mais sinceras desculpas a todos em casa pelos comentários”, afirmou, entre lágrimas, a conselheira de Boris Johnson e antiga assessora de imprensa.

Antes, no Parlamento, Boris tinha reafirmado que sempre lhe tinham garantido “que não houve qualquer festa e que não foram violadas quaisquer regras Covid”, mas acrescentava que também ele tinha ficado “furioso ao ver as imagens”.

“Peço desculpas sem reservas pela ofensa que tal representou para o país e peço desculpa pela impressão que isso transmite”, disse o primeiro-ministro britânico, anunciando ainda a abertura de um inquérito interno para esclarecer tudo o que se tinha passado. “Não é preciso dizer que, se as regras foram quebradas, haverá procedimentos disciplinares”, assegurava o primeiro-ministro.