Se a vida muda num instante, a vida no futebol muda ainda mais depressa. Basta recuar até ao verão, antes do início da temporada, para ver e entender que o Manchester City não considerava Bernardo Silva um intransferível, que o clube estava disposto a deixar sair o jogador e que até o internacional português via com bons olhos uma ida para outras paragens face à perda de protagonismo na equipa e à chegada de Jack Grealish. Seis meses depois, ainda antes do final do ano, o cenário não podia ser mais diferente.
Atualmente, face ao enorme início de temporada de Bernardo e aos sete golos e duas assistências em 22 jogos disputados, o Manchester City está a preparar uma relevante atualização contratual que inclui um considerável aumento salarial. De acordo com a imprensa inglesa, o clube está disposto a pagar 354 mil euros por semana ao internacional português — 1,4 milhões por mês, 16,8 milhões por ano –, tornando-o num dos mais bem pagos do plantel a par de Kevin De Bruyne e Raheem Sterling. Quase imune a tudo isso, Bernardo vai dando entrevistas: garantindo que está exatamente ao mesmo nível da época passada.
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— Manchester City (@ManCity) December 16, 2021
“Não vejo televisão inglesa. É bom saber que estou a fazer bem o meu trabalho. Sinto que estou a jogar bem mas também acho que estava na época passada. Só que agora estou a marcar mais golos. Muita gente fala do meu nível esta temporada mas acho que na época passada foi igualmente bom. Muitas pessoas baseiam a sua opinião sobre os jogadores em golos, assistências, estatísticas”, disse o internacional português, o primeiro na história do Manchester City a ser eleito Jogador do Mês em três ocasiões consecutivas, aos meios do clube. Na mesma entrevista, Bernardo ainda teve tempo para recordar os melhores presentes de Natal que recebeu — sem esquecer o Benfica. “Lembro de que os meus deram-me uma piscina e eu adorei. Em termos de futebol, sempre quis receber bolas e camisolas. Por isso, diria que foi uma camisola do Benfica, porque quando era mais novo era adepto do Benfica”, disse.
Ora, este domingo, Bernardo era naturalmente titular contra o Newcastle. Rúben Dias e João Cancelo também começavam de início em St. James’ Park e Guardiola apostava em De Bruyne, Sterling e Mahrez no apoio a Gabriel Jesus, deixando Gündoğan, Jack Grealish e Phil Foden no banco de suplentes. Do outro lado, o conjunto de Eddie Howe já podia contar com Saint-Maximin, que ainda não era titular mas aparecia na ficha de jogo e estava recuperado da lesão sofrida recentemente, e procurava obter o melhor resultado possível depois de ter conquistado a primeira vitória na Premier League apenas no passado dia 4 de dezembro, contra o Burnley.
Warming up in the wintery cold! ????#ManCity pic.twitter.com/xHL1T6XSUk
— Manchester City (@ManCity) December 19, 2021
A primeira parte acabou por confirmar o expectável: o Manchester City é infinitamente superior ao Newcastle e a equipa de Eddie Howe não tem argumentos, nesta altura, para lutar contra os melhores conjuntos da Premier League. Rúben Dias abriu o marcador logo nos instantes iniciais, aparecendo a cabecear totalmente sozinho na pequena área depois de uma enorme passividade da defesa adversária e de uma assistência de João Cancelo (5′). Embora tenham ido para o intervalo sem qualquer remate enquadrado, os magpies ainda reagiram com um pontapé ao lado de Joelinton (12′). Já perto da meia-hora, contudo, os citizens aumentaram a vantagem: Cancelo desequilibrou no corredor central, tirou dois adversários da frente e atirou um autêntico míssil para dentro da baliza (27′), assinando um grande golo.
No início da segunda parte, Eddie Howe lançou Saint-Maximin e colocou Sean Longstaff pouco depois, procurando ainda tentar tirar alguma coisa do resultado. À passagem da hora de jogo, contudo, o Manchester City deu a machadada final na partida: Mahrez apareceu ao segundo poste a finalizar um grande cruzamento de Zinchenko e aumentou a vantagem, com o golo a ser validado pelo VAR depois de a equipa de arbitragem o anular por fora de jogo numa primeira fase (63′).
A partir daí, Guardiola começou a gerir. Fernandinho, John Stones e Cole Palmer entraram para os lugares de Rodri, Rúben Dias e Mahrez e congelaram a partida, permitindo praticamente nada ao Newcastle e aguardando pelo apito final. Até lá, Sterling ainda teve tempo para carimbar a goleada, encerrando uma jogada individual de Gabriel Jesus na esquerda (86′). O Manchester City somou a oitava vitória consecutiva na Premier League, cimentou a liderança da classificação e voltou a contar com o contributo crucial dos três Reis Magos portugueses: Bernardo dá estabilidade, Rúben Dias foi capitão e até deu o primeiro golo e João Cancelo, para além do enorme pontapé, deu praticamente tudo.