A variante Ómicron foi detetada pela primeira vez em Portugal a 29 de novembro, depois de a Direção-Geral da Saúde ter confirmado 13 casos positivos entre o plantel e membros da equipa técnica da Belenenses SAD, e representa já quase 50% dos novos casos de infeção pelo novo coronavírus no país, de acordo com dados do INSA – Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
A nova variante e a preocupação com o elevado nível de transmissibilidade são dados que baralham as previsões e já levaram à antecipação para esta terça-feira do Conselho de Ministros, que deverá decidir sobre lotações de espaços e aumento da semana de contenção no início de janeiro.
A própria ministra da Saúde já considerou a variante uma “nova dificuldade” explicando que “o tradicional formato de evolução da curva da incidência é substituído por uma parede, quase um arranha-céus de casos”.
No Natal de 2020 eram as variantes Beta e a Gamma que preocupavam os especialistas. Na altura, levou vários países a decretar confinamentos e colocou as autoridades portuguesas debaixo de uma chuva de críticas, por não terem imposto restrições na quadra quando já se conhecia a nova variante. Um ano depois, tendo Portugal já 87% da população vacinada, o número de novos casos é ligeiramente superior ao que se registava em 2020, mas os números de internamentos e mortes contam uma história diferente.
Vamos aos casos. Entre 29 de novembro deste ano e esta segunda-feira (linha azul no gráfico abaixo), a média de contágios diários era de aproximadamente 3.881, enquanto no mesmo período de 2020 (linha vermelha no gráfico) se fixava nos 3.791.
Já no que diz respeito às mortes, a diferença é substancial. Quase um quinto das mortes por dia que em igual período do ano passado. No ano passado, e usando o mesmo intervalo temporal, havia uma média de 79 óbitos por dia, enquanto, em 2021, esse número é de apenas 17. O pior dia do ano passado, a 13 de dezembro, chegou a quase uma centena de mortes (98), ao passo que em 2021 não superou os 25. Ainda assim, este ano, registou-se uma ligeira subida no número de óbitos desde o final de novembro até ao momento.
Embora ainda não tenha sido divulgada relação entre a Ómicron e os internamentos, desde que foi identificada em Portugal esta nova variante, o número de internamentos aumentou, quer em enfermaria, quer nas unidades de cuidados intensivos (UCI), apesar de continuarem distantes dos números de 2020. Há um facto novo aliado ao menor número de internamentos em relação ao ano passado: a vacinação em larga escala no país. A 29 de novembro, havia 809 internados em enfermaria; esta segunda-feira são já 943. Em UCI, também se reportou uma subida: no final do mês passado, 111 doentes que necessitam de cuidados intensivos esta segunda-feira eram 152.
Os números de 2020 eram muito piores. Em enfermaria, estavam, a 20 de dezembro do ano passado, 3.027 doentes, enquanto esta segunda-feira estão menos de um terço 943. A quebra é proporcional também nas unidades de cuidados intensivos. Este ano há cerca de menos um terço de doentes a precisar de cuidados de saúde diferenciados que havia em igual período do ano passado. Estão atualmente 152 pessoas em UCI e no ano passado eram 483 doentes.
Um dos indicadores que mais se alterou desde a identificação dos primeiros casos de Ómicron no país foi a taxa de incidência. A 29 de novembro, era de 320 casos por 100 mil habitantes, mas menos de um mês depois, a 20 de dezembro, já quase duplicou esse número, ultrapassando as 580 infeções por 100 mil habitantes.
Os cálculos dos especialistas apontam para que a variante Ómicron seja dominante em Portugal no final do ano.
Atualmente, quase metade dos casos de Covid-19 estarão relacionados com a variante Ómicron. No relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) publicado esta terça-feira, lia-se que a 20 de dezembro a proporção estimada de casos de infeção por esta variante era de 46,9%.
“Desde o dia 6 de dezembro, tem-se verificado um crescimento exponencial na proporção de casos prováveis da variante Ómicron, tendo atingido uma proporção estimada de 46,9% no dia 20 de dezembro”, segundo o relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) publicado esta terça-feira.
O relatório confirma que “a variante Ómicron será dominante (mais de 50% dos casos positivos) em Portugal na presente semana (20 a 26 de dezembro)”. E acrescenta: “Este aumento abrupto de circulação comunitária tem paralelismo com o cenário observado em outros países — como a Dinamarca e Reino Unido”.
Texto alterado e atualizado às 13h50 de 21 de dezembro