É uma ameaça clara, numa altura em que o Ocidente está em rota de colisão com a Rússia devido a um alegado ataque do Kremlin à Ucrânia. Vladimir Putin admitiu que, se o país se sentir ameaçado, poderá avançar com “medidas militares e técnicas”, respondendo “firmemente” a “passos poucos amigáveis”. “Quero salientar que temos toda a legitimidade para fazer isso”, destacou.

De acordo com o The Guardian, o Presidente russo nunca se referiu a uma possível invasão à Ucrânia, mas deixou no ar que, se o Ocidente continuar a demonstrar uma “linha claramente agressiva”, tal poderá justificar uma resposta mais musculada por parte da Rússia.

Exigindo “garantias de segurança” da NATO, Putin contestou o alargamento da organização para junto das fronteiras russas após o colapso da União Soviética, acusando também o Ocidente de virar Kiev contra a Rússia. “O que os Estados Unidos estão a fazer na Ucrânia está à nossa porta”, alertou, acrescentando que a Rússia já “não tem mais para onde se refugiar”.

“Sob a proteção [dos EUA], estão-se a armar e a incitar-se extremistas de um país vizinho da Rússia”, afirmou, referindo-se à Ucrânia. “Eles acham que nós vamos assistir a isso de braços cruzados?”, questionou.

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Em novembro de 2020, Putin assinalou que o que poderia evitar uma escalada de tensão seriam “garantias legais de longo prazo” acordadas com os Estados Unidos, apesar de considerar que Washington “não é confiável”, porque “facilmente se retira de todos os acordos internacionais” sem dar “nenhuma explicação”.

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O objetivo do Kremlin é tentar que as forças da NATO se distanciem das fronteiras russas. Algumas das reivindicações de Putin passam pelo facto de a Ucrânia nunca poder entrar na organização militar e limitar o envio de tropas e armas para o que acontecia antes de 1997, isto é, antes de países como a Estónia ou a Letónia — países fronteiriços com a Rússia — terem aderido à NATO.

Já os serviços de informação norte-americanos, garantiram que a Rússia colocou recentemente 175 mil tropas na sua zona de fronteira com a Ucrânia, um aumento significativo de contingente militar, sendo que Orysia Lutsevych, investigadora ucraniana da Chatham House, não tem dúvidas: “Não é bluff, Putin está preparado para usar força militar contra a Ucrânia. Já o fez antes”.

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Em dezembro, Joe Biden ameaçou a Rússia com sanções “nunca antes vistas”, caso o Kremlin decidir invadir a Ucrânia. Vários países europeus, entre os quais França e Alemanha, já vieram apoiar a soberania ucraniana e também avisaram o Kremlin das consequências de um eventual ataque.