O Banco Comercial do Atlântico (BCA), o maior de Cabo Verde, detido pelo grupo Caixa Geral de Depósitos, decidiu aplicar 25% dos lucros de 2020 em dividendos aos acionistas, no valor de 2,50 euros por ação.

De acordo com uma informação do banco consultada esta sexta-feira pela Lusa, a decisão de pagar dividendos foi tomada em assembleia geral extraordinária realiza a 10 de dezembro e concretizada na segunda-feira passada.

O BCA reservou, assim, 25% dos lucros, equivalente a 370.409.544 escudos (3,3 milhões de euros), para distribuição de dividendos do exercício de 2020, no valor de 279,604 escudos (2,52 euros) por ação.

Através do Banco Interatlântico, que detém igualmente em Cabo Verde, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) controla 52,65% do BCA, ao que se soma uma participação própria de 6,76%. O Instituto Nacional da Previdência Social de Cabo Verde detém uma participação de 12,54% no BCA.

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Desde 2019 que a CGD tem em curso o processo de venda da participação no BCA, optando por ficar no mercado cabo-verdiano apenas com o Banco Interatlântico. Esta venda da participação no BCA, que no total ultrapassa um peso de 59%, estava prevista no plano estratégico da CGD para 2017-2020, não sendo conhecido qualquer desenvolvimento.

A Lusa noticiou em junho que o BCA registou lucros de mais de 13 milhões de euros em 2020, um aumento de 26,7% face ao ano anterior. Segundo o relatório e contas da instituição, apesar do resultado líquido do exercício de 2020, a administração do BCA tinha então decidido seguir, pelo segundo ano consecutivo, a recomendação do Banco de Cabo Verde (BCV) de não distribuir dividendos aos acionistas, para mitigar eventuais efeitos da pandemia de covid-19.

No documento, que confirmou um resultado líquido histórico em 2020 — o maior lucro em 28 anos – de 1.482 milhões de escudos (13,4 milhões de euros), um crescimento de 26,7% face aos lucros de 1.170 milhões de escudos (10,6 milhões de euros) em 2019, refere-se que era pretensão da administração propor aos acionistas a distribuição de dividendos.

Contudo, “face à recomendação do BCV”, para “aplicação da totalidade dos resultados apurados no reforço dos fundos próprios” dos bancos que operam em Cabo Verde, devido à pandemia, o conselho de administração decidiu então suspender a proposta para “acomodar integralmente a recomendação” do banco central, prevendo que os lucros de 2020 fossem aplicados na Reserva Legal (10%) e noutras reservas (90%), sem qualquer distribuição de dividendos, decisão agora alterada em assembleia-geral extraordinária.

O sistema financeiro cabo-verdiano funciona com sete bancos comerciais, mantendo o BCA a liderança, com uma quota de mercado, em novembro de 2020, de 30,4% no crédito concedido e de 33,9% nos depósitos.

A instituição contava no final de 2020 com 34 balcões, distribuídos por todo o arquipélago, com 437 trabalhadores.

O saldo dos depósitos de clientes do BCA atingiu 77.800 milhões de escudos (703,5 milhões de euros) no final de 2020, uma quebra de quase 1% face ao ano anterior, enquanto o total de novos financiamentos concedidos atingiu os 8,39 milhões de escudos (75 milhões de euros), menos 7,3%, como efeito da crise económica provocada pela pandemia.

Globalmente, a carteira de crédito do BCA rondava no final de 2020 os 54.186 milhões de escudos (490 milhões de euros) e o incumprimento diminuiu em cerca de 512 milhões de escudos (4,6 milhões de euros), equivalente a -13,9%, cifrando-se em dezembro do ano passado em 3.171 milhões de escudos (28,6 milhões de euros).

O BCA fechou 2020 com um ativo total de 87.414 milhões de escudos (790,3 milhões de euros), aumentando 0,8% face ao ano anterior, e um passivo que caiu 1,12%, para 79.594 milhões de escudos (719,6 milhões de euros).

O produto bancário do BCA caiu 2% em 2020, para 3.374 milhões de escudos (30,5 milhões de euros).