Está a gerar polémica o caso de Lia Thomas, a nadadora transexual da Universidade da Pensilvânia que compete desde novembro na categoria feminina. A 5 de dezembro, um grupo de pais da equipa de natação da Pensilvânia enviou uma carta à organização desportiva NCAA, na qual descrevem a situação como uma ameaça à integridade do desporto feminino. 

O precedente que se abre, no qual as mulheres não têm um espaço protegido e equitativo para competir, é uma ameaça direta às atletas do sexo feminino em todas as modalidades. Quais são os limites?”, destacaram, citados pelo DailyMail.

Depois, a 17 de dezembro, Cynthia Millen renunciou ao cargo de juíza da Federação USA Swimming, por considerar que “tudo o que era justo na natação está a ser destruído”, argumenta na sua carta de demissão, citada pelo The Washington Times.

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Não quero ser uma crítica de Lia — aconteça o que acontecer, é uma pessoa preciosa — mas corpos nadam contra corpos”, prosseguiu. “É um corpo masculino a nadar contra um feminino. E esse corpo masculino nunca pode mudar. Esse corpo masculino será sempre um corpo masculino”.

Lia percebeu que era transexual em 2018. Como Will Thomas, nadou até 2019 e quando iniciou o processo de mudança de sexo continuou a competir na categoria masculina. Esteve ausente durante a temporada de 2020-2021 para cumprir os regulamentos que exigem um ano de tratamento para a supressão da testosterona. Em novembro deste ano voltou às piscinas e em grande: bateu recordes da Universidade da Pensilvânia e da Ivy League, e conseguiu o melhor tempo da temporada para os Estados Unidos nas 200 metros de estilo livre com 1: 41,93.

Will Thomas

Lia Thomas antes de mudar de sexo

Um editorial do Swimming World advertiu que, se a NCAA não intervir, os impactos deste caso são comparáveis ​​aos do doping. “Por quase 20 anos, ela construiu músculos e beneficiou da testosterona produzida naturalmente no seu corpo. Essa força não desaparece da noite para o dia, nem mesmo com um ano de supressores”,lê-se.

Lia Thomas garante ter seguido a terapia de reposição hormonal por dois anos e meio. A diferença de tempo entre os recordes de natação masculino e feminino é de aproximadamente 11%. A terapia de reposição hormonal representa uma mudança de aproximadamente 2% a 3% nos tempos do nadador.

A nadadora Nancy Lynn Hogshead, que ganhou três medalhas de ouro e uma de prata nos Jogos Olímpicos de 1984, acredita que “as mulheres transgénero devem competir com as mulheres biológicas, desde que possam demonstrar que mitigaram as vantagens atléticas que a puberdade masculina traz”, escreveu no Daily Mail . “O seu domínio na categoria feminina não está a fazer nada para gerar maior empatia na sociedade por práticas inclusivas para a comunidade trans”, reiterou.